11x22 Sapatilhas, coriza, perfume: Eleanor

 Imagem do mangá 7th period is a secret de Chiba Kozue

Nem um pingo de autoconfiança.
Eu costumava me refugiar na minha dor no tornozelo, andava sempre com a vista embaçada de analgésicos - corta-dores - até a tampa.
Quando tirei as polainas pretas de vez - imunidade baixa? como um bebê - e a perna parou de doer, eu não tive mais onde me esconder.Nem pra onde ir.
Me sinto pequena e sozinha, perdida no meio do jeans e dos meus cabelos.
Tenho medo das garotas nas ruas, de suas sapatilhas e autoconfiança, fico de cabeça baixa, olhando minhas unhas lixadas.
Tenho medo de superfícies espelhadas - vidros de carros e olhos - e de cabelos encaracolados.
Pela manhã, encolhida num canto do ônibus, fico sonhando, ansiando por ser invisível, cercada por brumas. Queria que não tomassem conhecimento de mim, que me esquecessem assim que me viram assim que desviassem o olhar, que a minha voz fosse um sussurro longínquo e meus pés não tocassem o chão.
Eu queria poder dormir por mais tempo, de modo a não impor minha presença ao mundo. Queria ficar quieta: comer e voltar pro meu esconderijo, mais nada.
Mas não me deixam (isso é bom?). Me arrancam da cama, me despem, molham, alimentam, dão remédios, penteiam, vestem devidamente.
E Gideon: - Levante o queixo ou eles vão pensar que são melhores que você.
Toco sua mão na minha cintura e finjo se quem ele deseja.
Mesmo sabendo que não adianta levantar o queixo, eles sabem. Eu sei que sabem.