5x02 Lying is the most fun a girl can have without kissing



Não brinque com a comida.
Eu ouvi isso centenas de vezes. Quem não?
Quando entro nesse quarto da minha cabeça, as coisas se misturam, se fundem, ganham sentido.
"- Não pode brincar com ele pra sempre. Vai lá, coma o coração dele." E o Al ali no canto, camiseta vermelha. E o cara que eu amava me dizendo pra fazer isso. "Anda, coma" e me apertava as bochechas, rindo.

Não brinque com a comida. Uma enfermeira magra me vigia e eu não quero aquilo. Quero o que eu quiser, não o que querem que eu queira.

Não brinque com a comida. Ele cheira o meu pescoço e eu deixei que segurasse minha mão.

Não brinque com a comida. Galinhas correndo de mim, galinhas sangrando no chão, galinhas mortas, frango.

Não brinque com a comida.
Não brinque com a comida.

Ela me diz que está apaixonada por mim e eu poderia dizer a ela, poderia contar-lhe toda a verdade. Mas é tão fácil não dizer. É tão mais fácil retribuir.
Eu lhe digo palavras bonitas, lhe digo o que quer ouvir, lhe digo o que eu iria querer ouvir. E ela sonha com isso, ela sorri por isso, ela abraça isso.

E a enfermeira me toma a colher e me enfia comida na boca. Não brinque com a comida.

- Sinto muito, não posso evitar.

5x01 My sister is my keeper


Sempre pensei que minha irmã não opinasse nas minhas ilusões amorosas porque não as compreendesse. Eu subestimei sua sabedoria pré adolescente.
Ela apenas fica em silêncio, ela sabe que amor é um resfriado ocasional, ela compreende isso.
Mesmo agora, adormecida, sua respiração corta o ar feito um assoviozinho insistente e ela parece cheia de segredos.
Minha irmã é minha guardiã.
Ela esteve aqui na sétima série, quando eu quis destruir minhas canções.
Esteve aqui no primeiro ano, quando eu queria loucamente tocar as mãos dele.
Esteve aqui no segundo, quando eu apenas supunha quem ele era.
E no terceiro, quando eu ria e chorava e queria gritar e queria gargalhar.
Eles vêm e vão mas ela está sempre aqui. Ela é a verdadeira Lily e a mão dela é a única que quero segurar.

4x09 210 days of Christmas Crisis (season finale)



Esse post foi escrito em dezembro, algumas horas antes da formatura. A mesma formatura do episódio 2x24 Prom is not for lovers. É uma mudança. Coisas aconteceram. E eu queria dar um pouco do que eu roubei de vocês antes de mudar. Deliciem-se.

Lá estava eu, adequadamente sentada com meus sapatos lindos e malditos, enlouquecendo de vontade de gritar ou roer as unhas (inadequadamente pintadas) quando ele se aproximou, decidido.
Nem dava pra contar com fios de cabelos o número de garotas que queriam que ele fizesse o pedido que ele me fez a elas.

- Não.
- Por que?

Eu poderia/deveria ter dito "namorado/não fico com ninguém/lésbica". Mas era a minha noite de ser eu. A maldita noite de ser eu.

- Porque eu gosto de um homem-garoto-velho que não pensa em mim um centésimo das vezes que eu penso nele. Porque eu estou pensando nele agora. Porque eu pensaria nele enquanto estivesse beijando você. Porque eu imaginaria o sorriso dele, o jeito como ele fica sério assistindo a um filme. Porque eu sou estúpida e descobri que gosto disso em mim. Por isso é que não.

E acho que essa resposta ganha do lesbianismo.Ele se levantou, minha chance de liberdade escorrendo por entre os meus dedos.
"Por que me esforçar pra me apaixonar por alguém que vai me machucar se isso acontece voluntariamente?"

A formatura não aconteceu ainda. Faltam 3 horas e meia. Isso não vai acontecer lá.
Eu tenho algumas palavras. Serei breve, prometo.
Bom, eu passei o ano inteiro, anos, numa festa a fantasia. Fui Haven, Eden, Sam, Austen. Essa noite - power trip ballad- vou fantasiada de mim mesma (Oh, mother, I don't feel good). Não sei se vou me sentir bem ou mal. E não sou, nunca vou ser como as outras garotas bonitas. E, pela primeira vez, isso é ótimo. Eu não sou melhor do que elas, sou como elas. Não me sinto segura ainda, comi feito um cavalo de corrida pra caber num vestido preto, mas consegui.
Não sei se vai ser uma boa noite. O que importa é que vai ser.

Feliz Natal.



[Não foi uma boa noite. Mas eu consegui minha liberdade. Conclusão? Liberdade não existe. Ou talvez seja supervalorizada.]