23x22 Tesselate

Imagem: TingTing Huang

Prometo ser delicada, sutil.
Gosto de cores.
A única pessoa que acho que amei na vida mal sabe que existo.
Escrevo histórias. Começos e meios, nunca finais (Embora, não raro, comece do fim)
Eu leio. Não é mais pelo prazer de ler, até isso eu perdi.
Frequento a faculdade. Gosto de rotina.
Eu estudo. Às vezes.
Não sei se gosto do que faço. Existem coisas sobre as quais não penso. São irrelevantes.
Gosto de amendoim japonês.
Quando eu era criança, bati a cabeça com força. Acho que nunca mais fui a mesma.
Tudo o que faço tem que ter uma razão. Quando não tem, invento uma. Acho uma aberração fazer as coisas sem motivo.
Às vezes, penso que sei quando e onde, aí alguém muda as perguntas.
Contei uma mentira de pernas longas que, tenho certeza, vai voltar pra me assombrar.
O fato de eu estar viva vai contra tudo em que acredito.
Gosto de refrigerante.
Tô sempre atrasada pra alguma coisa.
Odeio o meu corpo inteiro. Sinto que é recíproco, e isso me consola.
Existe algo muito errado comigo, mas ainda não é hora de saber o que é.
Parece que todo mundo que fica sabendo muito sobre mim vai embora.
Meus cabelos são mais rebeldes do que jovens revolucionários.
Decepciono as pessoas.
Disseram-me que deveria buscar paixões avassaladoras, fúria e tempestade. Mas eu só quero dormir sabendo que ele não vai embora depois que eu fechar os olhos.
Quero ter filhos.
Admito, lerei J.K. Rowling e C.S. Lewis pra eles.
Não quero mais salvar vidas.
Quero respostas.
Não gosto de tomar decisões.
Sinto saudade de quem nunca conheci.
Gosto de histórias e batata ruffles de cebola e salsa.
Nunca digo o que gostaria de dizer, acho que nem consigo.

Você entende, agora?
Quando isso acabar, quando passar, eu explico.
Nem antes, nem depois.
Não se atrase.

23x21 Análise

Imagem: TingTing Huang

Maio, 2013

04- "even though she falls in love too easily"
13- "solid on mine, and strong, your hand contains summer thunder (...) the promise perhaps of tomorrow"
15- Um remédio indicado para órfãos e crianças abandonadas, com dificuldade pra se relacionar. (...) E se eu tomasse? Por acaso, me tornaria a Branca de Neve?
18- "And myself jealous of the bones you hold so well(...) Or would you want to know that I who sing so much of kin, grew alone and cold in places so quiet the dragonflies thunder"
"For a moment, we are together(...)I felt us there, felt myself and not myself there. We lived those promises ridiculed in solemn days We lived with a hunger only solitude can afford".
Sonhei que o mordia, sinto fome dele (...) Pra quê ter medo? Ele é gente, ele é um cara. (...)Pra quê esse medo, Bean? É de mim ou é dele?
28- MALDITO MAIO. Justo no finalzinho, quando eu já estava tipo, "vencendo".

23x20 Maio

Imagem: TingTing Huang

Caro Otto,
eu odeio o mês de maio, você sabe.
Tudo muda no mês de maio, pra melhor ou pior.
No dia 1º desse mês, deitei no sofá e digitei furiosamente no celular, tentando explicar pra cinco amigas porque sentia que algo estava prestes a acontecer.
Senti aquele aperto no peito, saí pelas ruas escuras, rezando pra te ver. Onde é que você estava?
Eu estava sozinha naquela noite e faminta e disposta a me machucar.
Maio trouxe fúria, insanidade, mosh pit.
Falei com um cara, um desses meus John Doe's. Não tem nada de especial sobre ele, Otto. Mas teria. Eu ja devaneava sobre ele, ja me perguntava coisas, ate sentia vontade de ve-lo.
Então, tive coragem de perguntar o nome dele. Tive coragem porque tive medo. Medo de que ele tomasse o seu lugar.
Maio trouxe essa conclusão terrível e deprimente, Otto.
Eu não te amo mais.
Não é nem mesmo obsessão. É medo.
Medo de não conseguir gostar, de não ser o suficiente, de tocar em alguém, de não estar sempre sozinha. Medo de deixar de acreditar que, um dia, você vai saber que significou algo pra mim, medo de deixar de me importar.
Por favor, onde quer que você esteja,
me faça amar você de novo.