17x17 Breaking

Imagem: TingTing Huang


Breaking rules: - Alguém já te disse que a sua boca não tem gosto?
- Como assim?
- Ué, não tem gosto. Sempre foi assim.
- É assim que tem que ser.

Breaking bad: Ajoelhada, balbuciou coisas incompreensíveis, me ofereceu dinheiro, e eu, semi-surda, puxei-lhe os cabelos finos e empurrei sua cabeça de encontro ao meu joelho, com força. Uma, duas, três vezes.
Mordia a língua e não sentia dor, só o joelho indo e vindo, esmagando a cartilagem, úmido de sangue.



Breaking dawn: Os olhos arregalados pra escuridão. Medo de quê? Medo de quem? O sono chega, estígio ou não, luto contra ele: ninguém vence. Cochilo de olhos abertos, vejo coisas (vejo gente, insetos minúsculos bebendo meu sangue e comendo minha carne), acordo suada, fecho os olhos, sacudo os lençóis. Cochilo.
A porta range, os encanamentos assobiam e os trovões rugem, tudo fala. Acordo, acendo as luzes, tomo remédios.
Fecho os olhos e resolvo equações, faço distribuições eletrônicas, escrevo cartas mentais, até amanhecer.

Breaking down:  (Um frasco do ar que você respira, uma mecha dos seus cabelos que não faça falta) Eu sei que você pode me ver, que você pode olhar pra mim, se quiser. Que, se eu te tocar, você não vai desaparecer, que você tem cheiro, gosto e sua voz é mais do que um tom.
Eu sei, mas não faz a menor diferença.


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