41x05 That stream of dopamine

Imagem: TingTing Huang

Você quer ficar.
Entra, arruma a cama, a porta, as cortinas e deita na cama, como se já o fizesse há anos.
Minha cama,
nossa cama,
você deita,
com suas pintas, seu cheiro, dá aquele sorriso capaz de derreter geleiras e eu me apaixono por você de novo.

Eu me apaixono pela primeira vez em que você diz que tá apaixonado, porque eu tô com tanto medo de usar essa palavra,
e aí você usa e eu só quero dizer toda hora

Ei, vai com calma,
vocês só ficaram 5,6, 7 vezes

E eu quero de novo.
Quero te ver chegar de mochila pra passar a noite,
bagunçar o seu cabelo e sussurrar no seu ouvido.

Eu tô apaixonada pelas suas pintas em lugares inapropriados,
pela sua insegurança
pela sua voz
seu sorriso
e pela maneira como você come um sanduíche.

Tô apaixonada pelo seu perfil enquanto dirige,
pelo som da sua voz,
seus dentes e suas covinhas
pelo seu silêncio
e pelas coisas que eu desconheço.

Tô apaixonada pelos momentos em que você me diz que eu sou incrível,
porque eu te acho incrível demais,
brilhante,
adorável,
lindo,
bizarro.

Tô apaixonada pela visão do teu corpo pela manhã,
pela maneira como nossas mãos se encaixam,
pela sua família inteira,
pela sua imaginação
e pela maneira como você se expressa.

E pelos seus olhos.

Meu deus, seus olhos, sua boca.

Eu tô apaixonada e isso é bizarro, impensável,
irresponsável,
idiota,
eu nem tenho tempo pra isso.

Eu podia me sentar, respirar fundo, esperar passar
Não
Não quero

Pego meu casaco, desço as escadas e vejo sua silhueta atrás da porta
Eu podia dar meia volta, é.
Mas escolho descer as escadas o mais rápido possível, te tirar da noite escura e te colocar pra dentro.

"É dopamina, eu sei.
Vai passar, eventualmente.", eu penso

"Oh, cala a boca, B. Só abra a porta, abra a maldita porta", diz a outra B,
e eu acho sensato obedecer.

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