11x06 Camel Queen

Imagem: mateoutah

Estou deitada no meu quarto real, de bruços, corcova lá no alto, 03:30. Patas dobradas, respiração normal. Me concentro nos desenhos obscenos, nos recados deixados por estranhos, colados em post-its ao longo da parede.
A porta está fechada, estou segura, todos os meus monstros ficaram lá fora. Assim mesmo, meu pulso acelera, não consigo raciocinar: Estou em pânico. Tranco a porta e me encolho junto ao dossel, as patas escorregando do colchão. A bebida, o ácido e o miojo sobem e descem pelo meu esôfago, me fazem sentir - junto com o pó e o travesseiro sob o meu nariz - sufocada. "São essas malditas hemácias", penso.
Pequenos fragmentos de Otto me passam pela cabeça, sem parar: tonteio. Mal tenho tempo de chutar meus livros, vomito no chão.
O pior nunca foi a ressaca, nunca foi o vexame. Não é a sujeira, não é o risco.
O pior é quando passa o efeito e eu fico sozinha, meus pensamentos como companhia.

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