Às vezes, quando em casa, me pego olhando pro nada, quieta e muda.
Com tantas coisas por fazer, me surpreendo com essa minha distração, me aborreço.
Depois desses momentos, fica uma sensação muito nítida de que eu interrompi uma cadeia de pensamentos da qual nem me lembro. Sei como é porque acontece muito, ultimamente. Nos momentos mais inoportunos: quando me contam histórias, enquanto estudo ou faço uma prova, quando tento me lembrar de algo.
Feito um trem descarrilando, meus pensamentos se soltam uns dos outros, as palavras se perdem, os fatos, os rostos.
Fico me apegando a detalhes, associando histórias à cores e números, arquivando palavras-chave. Não funciona sempre, mas me mantém nos trilhos.
Hoje, bem cedo, me peguei fazendo isso, olhando fixamente pro nada, um pé calçado, o outro não, o tempo passando, 3 minutos inteiros.
Calcei o outro pé como se o intervalo de tempo não existisse, cantarolei "Waitress", penteei meu cabelo, chaves, blusa de frio, celular, Gideon-McCandless-Gideon-Otto-McCandless-Gideon-Otto-Otto.
E, de repente, sei sobre o que andei pensando, embora não saiba exatamente o quê.
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