47x09 Blood that I have bled

 

Imagem: TingTing Huang

Instável. 

É assim que ele me chama, nos meus pesadelos, uma voz no escuro, dizendo que sou instável, que nunca vou sair deste quarto. 

Mulher-loba, eu rosnava em um quarto dentro do Ragnarok, sempre junto, sempre só. 

Eu existia, naquela época, à parte do espaço e do tempo que definiam o correr dos dias e o passo da história que nunca era minha. 

Estava louca, mas eu era, e eu sou. 

Ele dizia que estava no meu sangue, uma mistura de linhagens infrutíferas e soturnas, que me tornava propensa à melancolia e me dizia, e profetizava que meu destino era matar ou morrer. 

Ou matar e morrer. 

Ele tatuou as minhas costas e meu cérebro, alquimista mortífero que tentava, desesperadamente, transformar morte em ouro, enquanto eu cuspia, vomitava e escondia o seu precioso lítio. 

(Eu não sou quem você pensa, mas eu sou quem você fez e eu serei quem você desejar)


E me dói e me alivia e me liberta saber que você estava certo. 

Está no meu sangue: mulher-loba louca, boca suja de salica seca correndo sob as luas cheias e quartos crescentes, até passar. 

E passa. 


Sem antídoto, sem o seu veneno e sem o seu sangue.
Passa.
Mas você estava certo, no entanto:
está no meu sangue. 

Não posso, portanto, deixar de me perguntar:
se você estava certo sobre isso, estava certo sobre tudo?
Meu destino é matar ou morrer?
Ou matar E morrer?

Se for, espero que nos encontremos de novo, em breve. 

Sinto que vamos, Teleborian, e você?

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