18x04 The Haunted Woman

Imagem: TingTing Huang

(Em memória de Mikhail. Não o Blomkvist, mas tão interessante quanto. Sem aspas.)

Me deixa apagar tuas lembranças ruins, eu disse, tocando suas veias saltadas.
Eu quero lembrar, quero saber o que você fez comigo.
Beijei seus lábios inquietos e ele deixou; gosto de terra, sangue e grama.
Abri os olhos e ele reclamou Feche os olhos, me dá medo olhar pra essas luzes.
Eu fechei.
Ele me mordeu o pescoço, deixando marcas minúsculas - queria que o fizesse parar, não reclamei.
De repente, parou e deitou a cabeça no meu ombro.
Por que eu? Por que você fez isso?
Eu não tive escolha, você sabe, eu não fiz isso.
Então desfaça essa merda, só faça tudo voltar ao normal. Isso ele não disse, foi seu silêncio quem disse, porque eu  nunca o ouvi falar palavrão, mesmo quando me disse Eu não gosto daquele cara, com medo de que eu gostasse - como ela já tinha gostado antes. (E eu quis gostar dele assim, matar você de raiva, onde quer que estivesse. Mas eu nunca faria isso - acho)
Ele segurou minha cabeça entre as mãos e apertou meus olhos com os dedos, com força. Tentei puxar suas mãos, me doiam os olhos, mas ele só apertava mais forte. Vi flashes daquela noite, de mim, sentindo vibrar o chão de concreto observando as luzes surgirem na estrada, do seu mergulho de encontro a terra, do cheiro, do gosto, da sua cegueira, da minha fome, da sua voz me chamando Mãe.

Tirou os dedos dos meus olhos e sussurrou, num fio de voz  Eu não vou esquecer.
Disse que também não esqueceria.
Eu sei.

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