Early Cuts: M.A.P.

Imagem: TingTing Huang

Um dia, a garota que nunca chorava quis vomitar suco de uva, falou em público
E chorou em público, sentada no corredor sujo de uma universidade estranha.
Chorou de medo, de dor, de vergonha.
Chorou tudo o que levava dentro de si, cada freio, cada susto, cada dor, toda a fúria, toda a vergonha, toda a frustração.
Tentou falar, mas ele não falava sua língua.
Não se entenderam, ele sussurrava e ela soluçava, nem abraços nem tristeza nos olhos conseguiram traduzir ou responder às perguntas.
Cada um foi pro seu lado, sem entender o outro, sem saber se estariam juntos na manhã seguinte.

Ela acordou sozinha, sem Deus, sufocada pelo silêncio dos próprios pensamentos.
Emudeceu.
E a solidão ao redor dela cresceu e a engolfou, e onde ele estava ? Ela quis saber, mas não quis perguntar.
O celular tocou, a campainha tocou e ela veio, trazendo flores e doces e um pouco de sol e conversas amenas, guardando a solidão num saco bem amarrado.

Mas ela não era ele.  Ela queria colo, estava com medo do mundo e do futuro e do sangue.
Surtou. Uma, duas, dez vezes.

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