12x11 A story of death meets girl

Imagem: gedtee

(...)Alguém que possa te proteger de si mesma (...)

Estava grogue na hora, não sei se pelo seu súbito retorno a lá Edward Cullen ou pelos barbitúricos. Fechei os olhos, irritados pelas lágrimas de raiva, frustração e alívio, e dormi.
Sonhei que vivia no País do Verão e dormia sob a luz das estrelas. Sonhei que não era dona da minha própria vontade, que sempre havia algo me incitando. Sonhei que tinha um lugar ao qual deveria ir e, no caminho, me puxaram pelos dedos pra um buraco na grama, onde eu caí feito Alice. Ouvi meus ossos se partirem quando toquei o chão. Tentei dizer alguma coisa, gritar. Mas engasguei com a terra e os ossos. Eu soube que ia morrer e chorei, transformando em lama a terra no meu rosto.
No escuro do buraco algo tocou a minha mão e foi se entrelaçando nos meus dedos. Tentei falar, saiu um som rouco da minha garganta. "Shh", ouvi. Senti acariciarem meu rosto de leve. Ali, no escuro, sentindo que existia a possibilidade de estar na presença da própria morte, me senti em casa.
A morte começou a soltar minha mão e, como eu resmungasse, acariciou-lhe as costas e ergueu-a, cuidadosamente, na sua.
Pensei que era a hora de ir, de encontrar naqueles que amava, de me redimir.
Ao invés disso, senti uma leve cosquinha, quase nada: um beijo. Menos que isso, um roçar de lábios, tão cheio de significados e de hesitações, me fez sentir que tinha minha vida de volta. A morte se afastou, me deixando entregue a novos pensamentos, novos sonhos.
Acordei tarde, naquele dia, a boca seca de sono. A primeira coisa que vi foi você, sério, esperando.
- Ficou aí a noite toda?
Você assentiu com a cabeça.
- Veio mais alguém? Gideon?
- Ele já foi embora. Ninguém mais esteve aqui.
Então, tinha sido só um sonho. Fiquei tão infeliz que chorei, as mãos escondendo o rosto. Chorei sem me importar com você e com seu desconforto. Chorei muito, por minha vida e por minha covardia, até que acabassem as lágrimas. Enquanto secava os olhos com as costas da mão, reparei naquele fio de cabelo, grudado entre o anular e o mínimo. Um fio de cabelo nitidamente loiro, feito os seus.
Me lembro de olhar pra você e pensar que, talvez, você fosse diferente.

Que tola eu era, então.

0 comentários: