31x01 Tanque cheio

Imagem: TingTing Huang

Meu coração tá batendo feito louco, minha cabeça tá batendo feito louca ao som de uma música que acabei de conhecer e define todos esses dias.

Eu tô
Nova.
Esgotada.
Diferente.
Tanta coisa que nem cabe aqui,
Em um estado de mania ou do que quer que seja, dane-se a nomenclatura, as regras.
Eu tô viva.

Sei que tô viva quando a minha raiva dele vem e passa, mudo de ideia, deito na cama e sonho com beijos e bizarrices, bolos verdes e casacos em cabides.
Eu grito pro mundo, falo alto, dou risada e perco quando não dá pra ganhar.
Eu xingo o mundo todo, durmo na aula, acordo afrontosa,
quero berrar que amo, amo amo amo amo amo amo
- Ama o quê?
- Isso.

Tenho tido esses sonhos estranhos, vívidos, confusos, nojentos, que me atraem sobremaneira. E acho que sei o porquê.
Eu amo. Claro, de forma doentia, ridícula, triste e podre. Mas é amor.
Eu estou transbordando.

Eu não tenho a quem amar, não estou apaixonada, não escrevo, não leio.
Então saio por aí jogando amor a torto e a direito, sonhando que beijo meus amigos, e dando amor, amor puro e simples que eu costumo guardar.
Só que já não cabe.

Me ponho a tremer no meio das aulas, dor de cabeça, náusea, uma preocupação excessiva com meus amigos, Berenice, Elspeth, Claire, Liz, Tess.  deito na cama e fico pensando em maneiras de escoar fora. Não consigo. Não durmo. Cochilo, acordo às 4 da manhã, elétrica e danço uma ode ao meu corpo, abraço o travesseiro, toco o rosto das pessoas e abraço meu melhor amigo como se não o visse há séculos.

Todo o amor guardado, contido, escorre pelos dedos, jorra, me deixa doida, elétrica, falante.

Eu amo. Da maneira mais errada, destrutiva, agressiva e defensiva, escandalosa.
Eu quero amá-lo de novo, mas não é isso, não dá mais.
Eu quero amar e é maior do que uma pessoa só, maior do que esse meu corpo.

É maior do que uma simples conexão, o toque entre as mãos ou conversas no whatsapp. É maior do que as lembranças aleatórias que surgem na minha mente, do que essa sensação de estar perdida.

É forte, impreciso, e também é delicado. Complexo.

E eu não sei o que fazer com isso.
Eu não sei lidar com isso.
Parece algo  vivo, dentro de mim, me dizendo o que fazer em um idioma que eu não compreendo.

Mas está aí, é inegável.
Mais dia, menos dia, eu descubro o que fazer com isso.

Não tenho pressa.

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