38x15 No rest for the wicked

Imagem: TingTing Huang

Eu morro.
Só um pouco a cada dia, o outro lado dos 100%.

Não durmo, não descanso, eu sigo, elétrica, o caminho de tijolos, eu ouço broncas, cobranças, uma amiga que depende de mim quando eu não posso depender de mim.
Quero trancar as portas e desligar o celular.

Mas e o mundo lá fora?
E as pessoas que esperam algo de mim?

Eu me sento para ouvir a aula, mas eu não paro, meu cérebro corre, descarrila, eu caio dos degraus do meu pensar, eu não sei mais entender, eu preciso de tanta coisa, eu preciso beijar a sua boca e entender o que tá acontecendo com meus ossos, com meus olhos, com meu quarto.

Caio na cama, eu tento desligar a Wi-fi, mas você fala e fala e fala, me encontra no corredor, me conta um segredo, me ama e eu não sei. Eu não posso.

Porque eu tô cansada, eu tô uma pilha, eu não consigo fazer o básico e o trabalho se acumula debaixo da cama, não tem B. suficiente pra todo mundo, não tem B. suficiente pra mim.

Eu quero me desligar, eu quero apagar, me arrastar pra cama e dormir por 3 dias seguidos, mas você me diz que não é assim que funciona,
não é assim que funciona,
a vida não é assim,
ser adulto é aceitar responsabilidades

Então eu não durmo,
eu não descanso
sigo, elétrica, o caminho de tijolos
enquanto torço, silenciosamente,
pra cair morta antes de cair doente.

De novo.

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