3x09 The corner of First and Amistad


Eu não desmaiava há muito tempo. Mais ou menos 9 anos. É muito tempo, tanto que a primeira coisa - a segunda, na verdade- que eu senti quando acordei foi nostalgia.
Segundo o relógio do consultório, fiquei desacordada durante 40 minutos. Menos tempo do que da última vez, é verdade. Mas acho que desmaiei de verdade por pouco tempo, na verdade acho que acordei depois e dormi, afinal, quem trancou a porta?
A primeira coisa que eu vi, quando abri os olhos depois da nostalgia, foi o teto branco do banheiro de visitas. Eu odeio esse banheiro.
Gosto de sono na boca, as costas geladas do azulejo branco. Um pé embaixo da pia, outro do lado do vaso.
Me levantei e olhei meu rosto perfeitamente ajustado, como se eu tivesse acabado de dar um passeio no campo. "Está tudo bem, você está tão bem... Ninguém precisa saber"

David precisava. Vocês sabem como ele é -não, não sabem-

(David: Cabelos loiro escuros, olhos grandes e claros, num rosto de boneco bonito. Não é meu melhor amigo, nem eu sou a melhor amiga dele mas estamos unidos por um trauma comum por isso sabemos tudo, ou quase tudo um do outro. Ele só se preocupa com 3 coisas - Seu cabelo, beijar na boca e eu, por causa do trauma citado anteriormente.
Uma coisa sobre ele: Ele entra na minha cabeça.)

Ele contou a eles. Eles são as pessoas que eu mais vejo, as últimas que eu quero ver e as que eu jamais vi. E ele gritou aquilo que eu sabia mas não admitia saber. Ele sabia todos os motivos do meu desmaio, sabia o que se passava na minha cabeça, sabia sabia sabia...
Ele queria que eles me condenassem, que me perguntassem, que me castigassem. Mas ninguém disse nada. Eles sabem tanto quanto eu que cada um de nós tem um jeito de lidar com o nosso trauma em comum.
Eu quis dizer "apontem pra mim, vamos lá", só pra poder dizer "E você, Sofia? E você? Se esconde atrás de quê? Por que eu não posso me esconder atrás de mim mesma?"

E David me olhou, derrotado, porque passou esse tempo todo se escondendo atrás de mim. Só que eu não quero mais encarar, tanto é que fugi deles durante anos.

Por favor, só não me peça pra ser forte.

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