13x06 Foundations

Imagem: thewebprincess

"Eu não sei.
Eu não sei o que está acontecendo com a gente, mas não me deixa ir embora de novo".
Estamos sentados no chão, com jeito de jogo do siso.
Mas eu só tô tentando achar a vontade de mim nos seus olhos.
Seguro seu rosto entre as mãos e você só me olha, vazio, parado, como sempre foi.
Não podia mesmo durar, mas eu esperava mais da gente.
Enfio os dedos na sua boca, checo seus dentes, gengivas, e você nada, silêncio.
Te puxo os cabelos, beijo o topo da tua cabeça cheirosa, vamos esquecer toda essa história, esquece tudo o que eu disse e fiz.
E ele pedra, e eu, por incrível que pareça, vida pura. Beijo seus dedos, ombros, orelhas, olhos.
Meu celular toda (Moves like Jagger) e o visor grita que é Augusto, que tá na hora de seguir em frente, enterrar Otto de vez.
Acaricio sua cabeça, "tenho que ir".
Beijo sua testa, seus olhos - mis ojos -, sua boca.
O leve encostar de lábios toma proporções maiores, um beijo de verdade, pelo qual me deixo levar, pelo qual teria ficado se ele não me mordesse.
Mordeu meu lábio inferior com força, rasgando o canto, fazendo sangrar.
Me desvencilho, confusa, entre brasa e raiva, gosto de ferro e abacaxi na boca, sem saber se mereci ou não.
Quero sair batendo portas e cuspindo palavrões mas as pernas fraquejam - como sempre, as malditas - e eu caio perto da porta, chorando minha sorte e meu lábio.
Chorando uma puta tristeza mundial da qual não quero mais ser vítima nem algoz.
Choro eu, choro você, os homens bomba, as crianças famintas e os bebês órfãos. Choro hecatombes, destinos e pessoas indefesas.
Vou embora, decidida a nunca mais te ver.

Se soubesse que a saudade seria tão pior do que tudo o que houve, teria te deixado me sangrar até o fim.

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