15x05 The sweetest goodbye

Imagem: TingTing Huang
Eu estava trancada no quarto quando Ele abriu a porta.
- Está na hora de se despedir.
Por dias eu havia ficado tão zangada com Ele; todos aqueles afazeres, toda aquela fé e aquelas ordens e nada de recompensas.
Mas agora eu entendia: não era hora.
E se tudo continuasse como antes, faria alguma diferença?
Ainda seria eu. E eu ainda estaria parada, olhando Otto ir embora todas as manhãs.
Provavelmente, eu o assistiria se casar, ter filhos. Só testemunharia seu envelhecimento.
Eu preciso ir crescer o suficiente pra nós dois. E não é fácil. Eu tenho medo de ser tarde demais depois, de não me sentir assim.

-E se eu não conseguir? - pergunto pra Ele.
- Você acredita em mim?
- Acredito - respondo, firme.
- Eu também acredito em você.

Abro a porta, uma porta que nunca abri, de um apartamento no qual nunca estive.
Ele está sentado no sofá, assistindo TV, nem percebe a minha presença.
Beijo o topo da sua cabeça.
- Eu vou te guardar um pouco só, enquanto entendo o que deve ser feito. Mas eu não te esqueço não, viu? Eu vou te amar nas multidões, nos livros, na Ilíada, no Warner Channel, na Record, nas Poesias, no Universal. Vou te amar todas as manhãs e antes de dormir até o momento exato em que vou te trazer de volta e te dizer tudo o que quero dizer. Até lá, eu quero que você seja feliz, muito feliz.
Saio, de volta pro meu apartamento escuro.
De repente, desabo. Não choro, porque não tenho mais esse costume. Desabar tem outro sentido, mais doído, mais duro, como se algo me forçasse a me ajoelhar. Os ossos doem como se prestes a trincar, fico choramingando.
E o Pai: - Deixa eu ver se você se machucou
E eu: - Não, Pai, deixa, é dor de crescimento.

"One day...
I'll see you walkin', and
One day...
We'll get to talking', and
I'll say...
Ever since I set eyes on you
...You know it's true"

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