Imagem: TingTing Huang
Eu preciso de um amigo.
Quão estranho é perceber isso?
As mensagens não lidas se empilhando no celular, eu vejo pessoas todos os dias, elas me perguntam se estou bem, e estou.
Eu sempre estou.
Eu sempre estou bem.
A rasura dos relacionamentos que construí com tanto afinco, sem nunca molhar mais que os pés pra não me magoar, me magoa. Que irônico.
Preciso conversar.
Preciso de contato humano profundo, ser ouvida. Preciso de conselhos vazios e sem aplicação prática. Preciso de um abraço.
Preciso de ajuda, e não sei pedir.
Eu sei sinalizar errado, feito um recém-nascido que chora pela angústia de estar vivo e é calado, quase que imediatamento, pelo seio da mãe.
Fico dando sinais tortos "olhe pra mim, eu não estou bem", e sorrio. Eles sorriem de volta.
O horóscopo diz "está tudo bem", os e-mails, o tempo, você, meu amor.
"Está tudo bem", eu repito, feito um mantra, feito um feitiço secreto que vai melhorar as coisas, colorir o mundo, me fazer entender quem sou, pra onde vou, se devo ficar, se sou boa o suficiente pra você e pra todo mundo que importa, eu digo que estou bem,
com sinais confusos e pontos finais,
mas você parece sempre ébrio demais pra se concentrar em mim.
Tem coisas demais por aí pra ver, pra saber, pra não sentir e eu choro feito um bebê,
você me cala com a boca, comida, amor, palavras de afeto que eu não sei ouvir ainda e eu
só preciso de um amigo pra dizer que não tá tudo bem.
Amor,
não tá tudo bem.
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