As pessoas me encaravam, questionavam minha chegada.
"Vim aqui pra ver o garoto morto", gritei com os olhos.
"Mas não viemos todos?", responderam.
E o espetáculo post-mortem continua. Lágrimas, amenidades e a fila para o show.
"Venham ver! Venham ver! Espantoso! Atrás dessa porta, o inimaginável!".
E a sala escura, a multidão tapando minha visão de flores brancas e pernas, mãos e
E do estranho deitado no caixão.
Eu não o conhecia. Eu era uma intrusa. Não sentia a dor, a revolta. Era só um garoto morto pra minha realidade anestesiada.
Abandonei-o, abandonei o silêncio fúnebre e os gritos e fui pra casa andando, que fazia uma belo dia de sol.
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