Imagem: TingTing Huang
Parei de mentir e as mentiras vieram correndo atrás de mim.
Tranquei a casa, mas, mesmo à noite, suas unhas arranhavam a madeira da porta. Elas nunca dormem.
Durante a aula, olhei pela janela e vi uma delas lá embaixo, esperando que eu saísse.
Era uma mentira bonita, no início, que eu mantinha limpa e alimentada pelas minhas emoções e palavras forjadas. Agora é uma mulher fosca, de roupas puídas e dedos em carne viva.
Essa é, particularmente, a que mais me persegue.
Me atormenta em sonhos, viagens, me tira o apetite, o prazer dos filmes, a poesia. E me puxa os braços, os cabelos, me implora em silêncio que tudo volte a ser como antes. E eu fujo, sem dizer nada.
"Como seria se eu só dissesse não, se eu dissesse à ela que acabou?"
Mas falta coragem.
Sempre há de faltar.
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