4x07 Farewell to May


O telefone toca e eu não atendo. Minha pele cheira a café e minhas unhas estão pretas de terra.
Há grama colada em meus ossos semi expostos e meus cabelos estão, de novo, caindo à minha volta.
O telefone continua tocando e eu me dou conta de que, talvez, quem sabe...
Rastejo até lá, tomando impulso com minha perna boa enquanto a outra se deixa arrastar, morta, podre.
Atendo, ofegante.
Não.
Secreções ácidas escorrem, queimando o telefone, queimando minhas mãos.
Arranco a pele queimada, expondo a carne viva. Começo pelas palmas das mãos e vou arrancando a pele, me descascando. Braços, ombros - belos ombros de carne nua - e seios e barriga e pernas e pés.
Minha casca sangrenta se deixa ficar a meus pés, às avessas, toda embolada.
Apalpo meu rosto, meus lábios e vou puxando de leve a pele, começando pela nuca e subindo.
Minhas costelas aparecem, róseas e eu as empurro fortemente de volta com um estralo.
Nunca estive tão nua e tão incerta, acho.
Olho para as estrela, eternas testemunhas dos meus atos e imploro por algo, sem saber pelo quê.
Mas elas apenas piscam. No céu daqui, as estrelas são homens voando.
Homens voam. Homens podem voar.

1 comentários:

Anônimo disse...

Havia algo te fazendo mal, ainda há? :S