Imagem: TingTing Huang
Cabeça pesada e meu corpo nas nuvens:
eu danço, pra um público que só existe na minha cabeça.
Eu em sinto-
bem.
Não acontece com frequência.
Então danço.
Dança comigo?
E eu danço comigo mesma.
Eu não preciso de ninguém.
Eu só preciso de mim.
De música.
Do escuro.
O mundo todo gira,
eu
o mundo
tão lindo, tão lindo.
Eu sou invencível.
Deito no sofá, caio no sofá, um peso enorme, vivo, pulsante,
meu coração em chamas,
e ela se senta ao meu lado, acaricia meus cabelos,
o cheiro de luz
e eu simplesmente sei que é assim que acaba
e tudo bem,
tudo bem
se estiver tudo bem
Mas as luzes giram e giram,
e eu no centro de um redemoinho de escuridão,
lembranças ruins pálidas e confusas,
minha boca, sua boca,
nossas bocas,
língua e saliva,
e
amendoim
Eu sou invencível
- invisível
- insegura
- solitária
- vazia,
ela sussurra.
Não, não
não mais
eu cresci
grew out
você não pode me atingir aqui no chão do banheiro
você não pode me alcançar na varanda
e eu não posso te ouvir sob a música e o barulho dos fogos de artifício.
E eu danço,
eu beijo,
eu rio,
eu durmo
e acordo, no meio da noite, sufocada pela sua presença,
pela sua existência,
lembranças enterradas tão fundo que eu nem sei se são mesmo lembranças
corro pra lavar o rosto,
e vejo o rosto dela no espelho, brevemente,
num lampejo
e eu reapareço.
Não tenho medo de onde as experiências me levam,
nem das lembranças,
nem de você.
Sinto que vou ter que aprender a conviver com esses momentos,
que eles vão vir à tona sempre que eu baixar a guarda,
sempre que eu tomar sorvete ou morder frutas, usar glitter.
E eu não vou parar de fazer nada disso.
Eu amo frutas,
sorvete,
glitter,
beijos e álcool e escuridão e o som das ruas de madrugada, declarações de amor e escrever no papel.
E, importante repetir, marcar várias vezes, enfatizar, gritar pelas ruas e repetir feito mantra todos os dias de manhã:
não tenho medo.
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