Imagem: TingTing Huang
"Fica tranquila, tudo vai dar certo"
Sim, sim.
Mas o que é dar certo?
A lua cheia no céu conta histórias, mas eu não ouço, me afundo no caos, surda, muda.
E ela lá fora, distante, separada de mim por uma barreira de 6 anos de gesso, desculpas não pedidas, abraços não dados,
isso vai dar certo?
Quando?
Quando, eis a questão.
As pessoas sonham, alto, mais alto, mais forte, elas voam e eu,
eu acabo de me lembrar que tenho medo de altura.
Eu não posso, eu não posso voar sem asas.
"Oh, but you can", diz Houdini, do seu jeito mágico.
E eu quero realmente acreditar.
Mas eu preciso ficar aqui.
- Precisa? - a voz de Otto na minha cabeça.
Me vejo pelos olhos dele: cansada, tão infinitamente cansada de não diálogos, do que está oculto sob a louça e nos cantos do apartamento, de ter medo, de não chegar a tempo, eu tenho medo até de ter medo e estou cansada de estar cansada.
Estou cansada. Com medo de escrever e não ser boa nisso, de não chegar nunca a
Ao que?
Onde você quer chegar?
Quem você quer ser?
Você ao menos sabe?
E então ela, meu demônio pessoal, banhada de sol, brilhante, confortável, se espreguiça e vem até mim. Ela beija meus lábios de leve, se despede
você não é mais problema meu,
você não precisa de quem te atormente, isso
você está fazendo isso.
Não. Estou tentando ir devagar, um passo de cada vez, estou andando.
- Pra onde?
- É, pra onde?
- Pra onde, B.?
- Onde você quer ir?
é quando me dou conta:
não estou me movimentando.
Estou esperando.
De novo.
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