Imagem: TingTing Huang
- Isso é veneno, não é a cura pra sua doença.
Mas àquela hora já era difícil escutar algo que não fosse a música alta e o zumbido dos pensamentos profundamente enterrados.
Eu também tinha bebido, também não era dona de mim. A diferença entre nós é que eu nunca fui dona de mim, estava habituada.
Não quis gritar, me declarar, beijar, chorar, cantar, tocar. Quis que pensassem que eu queria, era o melhor a fazer.
Feito isso, pude observar o avesso das pessoas.
Bile jorrando aos borbotões, o que é que corre nas veias, o que tem por trás dos olhos, o que manda fazer o cérebro. Hormônios escorreram da boca, pelas pernas, pelos olhos.
As pessoas derretiam enquanto eu olhava e se solidificavam aos poucos.
Alguém conectava pequenos eletrodos de lembranças, buscando um choque e o esquecimento.
Um ou outro encontrou a cura pro medo aquela noite - ou achou que encontrou.
Houve quem dissesse "desculpe-me" e "não me julgue depois". E quem sou eu? Quem sou eu pra dizer, questionar seus motivos?
- Não se preocupe, ninguém vai se lembrar disso amanhã. Mesmo eu farei questão de esquecer.
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