Imagem: TingTing Huang
Otto sou eu.
Sempre foi. Acordo com as mãos unidas num aperto sólido, balanço os joelhos ao som de músicas.
Otto sou eu.
Suas palavras tocam o céu da minha boca, saem dos meus dedos. Seus pés pisam meu espaço marcado e seu relógio marca a minha hora de sair.
Sacolas de compras, minha mãe, um casal de amigos, uma garota de cabelos vermelhos, o coração barulhento do olhar que me acompanha.
Me causa pesadelos, essa certeza, deixo de dormir, quero vê-lo, quero ter certeza, quero tocá-lo.
Grito, trinco os dentes, me agarro ao Nós Dois, prendo-o com as pernas, "Não me deixe"
Mas ele me empurra, me arranha, me bate, me sangra, me deixa: sai pela porta levando nossos futuros filhos, nossos sonhos, alguns beijos, suas camisetas, escova de dentes.
Me deixa com você, só, despido de tudo aquilo que era nosso, despido de demônios e cicatrizes, de cartas e sacrifícios.
- Agora acabou de verdade, né? - você pergunta.
Respondo com um abraço forte, meu azulão "lucky blue", fecho os olhos e aperto forte, o mais forte que posso.
Abro os olhos.
Estive abraçando a mim mesma.
Otto sou eu.
Sempre foi.
Acho que isso deveria fazer toda a diferença. Mas não sei se faz.
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