Aprendi a apreciar a beleza desses momentos preciosos e raros de solidão.
Gosto da minha própria companhia silenciosa, agora, por mais que a mente insista em continuar seu monólogo infindável.
Às vezes é bom simplesmente ficar só, embora, é claro, isso não tire o calor e a beleza das tardes de ócio com os amigos queridos ou elimine os telefonemas chorosos à minha mãe, pedindo arrego da maturidade, da "adultescência".
Não existe medo, nem dor e nem tempo enquanto preparo um mingau e abro, escancaro as cortinas e velo pelos meus queridos vizinhos sem que saibam.
Nessas horas, não sinto vontade de dizer "eu te amo", não sinto vontade de dizer nada e meus ouvidos intranquilos agradecem, enfim, pela chance de ouvir a chuva, o ruído da colher raspando a panela e do grafite riscando o papel.
Fico bem quieta, mas não durmo. Deixo que meus sentidos reverenciem o momento, sem euforia.
Não me preocupo com a ordem, com o futuro, com as migalhas de biscoito e os pernilongos.
Sinto que sou e estou ao mesmo tempo e nem quero pensar no que isso quer dizer.
Só quero pensar que nunca, em três anos, tinha reparado: meu piso é um tabuleiro de xadrez.
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