Imagem: TingTing Huang
Just wish.
Você disse que podia consertar. Eu confiei em você.
Mas eu ainda tenho dificuldade em escolher entre esquerda e direita.
Eu acordo todos os dias e calço os chinelos na mesma ordem. Eu como a mesma coisa no mesmo lugar.
Eu tranco as portas duas vezes.
Você disse que consertaria,
mas eu ainda não consigo dizer não.
Disse que consertaria, mas a cada mês que passa eu revivo todo o pânico e a dor de conviver comigo mesma.
Era só pedir, mas eu pedi e continuo indo e vindo nos momentos mais inoportunos.
Eu estou me afastando das pessoas. E me aproximando e sufocando e fugindo e
Estou perdendo o controle.
Você disse que podia consertar,
ao invés disso, adquiri um pavor doentio de atrasos.
Eu não consigo me consertar sozinha de novo.
Você disse que podia consertar.
Então conserte.
25x03 Fix Me
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25x02 Wonderland (An Interlude)
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Imagem: TingTing Huang
Penumbra, cheiro de chuva, meu cabelo molhado causa arrepios. Me enrolo nas cobertas com Gainsbourg passando na tela do computador, magra e pálida.
Você dorme na sua casa e a ansiedade quase me corrói os ossos. Ela tem feito muito isso ultimamente.
Aí já é tarde, seu cheiro ainda é seu cheiro, sua voz ainda é sua.
Meço e peso a quantidade de você que perdi, que vou perder, que estou perdendo.
Não quero te assustar, não pense nada. É só que senti falta do calor, dos dentes. Senti falta dos seus olhos, da sua pele.
Não sei mais quem eu sou. Andei aflita e perdida. Preciso de ajuda. Preciso de solidez.
Você me ouve, me traz de volta e eu me esqueço de onde estive antes.
E eu confio em você. Não me lembro da ansiedade, do peso. Eu confio em você, te dou minhas palavras - o que tenho de mais precioso, de meu, de eu - gota a gota.
E você entende, me mostra, me impede de ir embora, de derreter, com todas as suas armas e subterfúgios.
The XX toca alto e eu digo a mim mesma, eu ordeno a mim mesma pra ficar com você "I can't give it up", mas eu vou ruindo aos pouquinhos, derretendo, sem saber o que fazer.
Eu amo aqui, amo agora.
É lindo, poético.
Eu só preciso ser forte.
Penumbra, cheiro de chuva, meu cabelo molhado causa arrepios. Me enrolo nas cobertas com Gainsbourg passando na tela do computador, magra e pálida.
Você dorme na sua casa e a ansiedade quase me corrói os ossos. Ela tem feito muito isso ultimamente.
Aí já é tarde, seu cheiro ainda é seu cheiro, sua voz ainda é sua.
Meço e peso a quantidade de você que perdi, que vou perder, que estou perdendo.
Não quero te assustar, não pense nada. É só que senti falta do calor, dos dentes. Senti falta dos seus olhos, da sua pele.
Não sei mais quem eu sou. Andei aflita e perdida. Preciso de ajuda. Preciso de solidez.
Você me ouve, me traz de volta e eu me esqueço de onde estive antes.
E eu confio em você. Não me lembro da ansiedade, do peso. Eu confio em você, te dou minhas palavras - o que tenho de mais precioso, de meu, de eu - gota a gota.
E você entende, me mostra, me impede de ir embora, de derreter, com todas as suas armas e subterfúgios.
The XX toca alto e eu digo a mim mesma, eu ordeno a mim mesma pra ficar com você "I can't give it up", mas eu vou ruindo aos pouquinhos, derretendo, sem saber o que fazer.
Eu amo aqui, amo agora.
É lindo, poético.
Eu só preciso ser forte.
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25x01 Cuckoo
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A menina é a mãe da mulher.
Fico de joelhos, rosto à altura do rosto dela: conversamos.
- Ele não vem.
- Não, eu disse, você não sabe do que está falando. Ele sempre vem.
- Sempre vem, em seu cavalo, salvar a donzela de si mesma, como nos velhos tempos... Você nunca cresce?
Engraçado ouvir isso dessa criaturinha miúda e morena, de cabelos enrolados de molinha, com a cara mais séria do mundo. Engraçado e triste também.
- Não é assim. Eu não preciso ser salva. -digo.
- De que é que você precisa?
Eu sei o que ela está tentando fazer. Não vou cair dessa vez.
- Não é sobre isso.
- Eu fiz uma pergunta. De que você precisa? - Ela passa a mão no meu rosto e pergunta, de novo. - Me diga. É alguma coisa que eu não posso te dar? Você tem tudo o que precisa. Por que esperar mais? Por que insistir? Temos os lugares que você quer, os heróis, romance, pessoas, histórias...
- Mas nada disso é real, B.! Eu não quero mais isso, quero me sentir viva. Ver coisas, falar com as pessoas. Quero viver fora de mim.
Ela arregala os olhões de jabuticaba e sinto que está prestes a chorar.
- Você quer que eu morra.
- Se for preciso.
O interfone toca.
- É ele - digo, sem necessidade, me levantando para sair.
- Ele pode ter vindo hoje. Talvez venha amanhã e depois e depois. Mas, um dia, ele não virá mais. E eu virei. Você não é nada sem mim. Eu não sou nada sem você. Você pode negar, agora. Mas eu sei. Você sabe.
Destranco a porta.
- Por favor, não esteja aqui quando eu voltar.
Ouço-a soluçar um pouco, um soluço estranho, bem típico de mim até hoje.
- As you wish,
A menina é a mãe da mulher.
Fico de joelhos, rosto à altura do rosto dela: conversamos.
- Ele não vem.
- Não, eu disse, você não sabe do que está falando. Ele sempre vem.
- Sempre vem, em seu cavalo, salvar a donzela de si mesma, como nos velhos tempos... Você nunca cresce?
Engraçado ouvir isso dessa criaturinha miúda e morena, de cabelos enrolados de molinha, com a cara mais séria do mundo. Engraçado e triste também.
- Não é assim. Eu não preciso ser salva. -digo.
- De que é que você precisa?
Eu sei o que ela está tentando fazer. Não vou cair dessa vez.
- Não é sobre isso.
- Eu fiz uma pergunta. De que você precisa? - Ela passa a mão no meu rosto e pergunta, de novo. - Me diga. É alguma coisa que eu não posso te dar? Você tem tudo o que precisa. Por que esperar mais? Por que insistir? Temos os lugares que você quer, os heróis, romance, pessoas, histórias...
- Mas nada disso é real, B.! Eu não quero mais isso, quero me sentir viva. Ver coisas, falar com as pessoas. Quero viver fora de mim.
Ela arregala os olhões de jabuticaba e sinto que está prestes a chorar.
- Você quer que eu morra.
- Se for preciso.
O interfone toca.
- É ele - digo, sem necessidade, me levantando para sair.
- Ele pode ter vindo hoje. Talvez venha amanhã e depois e depois. Mas, um dia, ele não virá mais. E eu virei. Você não é nada sem mim. Eu não sou nada sem você. Você pode negar, agora. Mas eu sei. Você sabe.
Destranco a porta.
- Por favor, não esteja aqui quando eu voltar.
Ouço-a soluçar um pouco, um soluço estranho, bem típico de mim até hoje.
- As you wish,
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24x21 Coward Lion and Doctor Oz (Season Finale)
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Imagem: TingTing Huang
- O que posso fazer por você dessa vez?
- Não quero sentir.
Não quero saber como é. Leve tudo embora. Abra um buraco, um espaço em branco, queime as pontes. Eu quero a saída mais fácil.
Quero acordar um dia, sedenta, e beber água direto da torneira. Quero voltar para a cama, em silêncio, e sufocar no meu próprio espaço.
Quero procurar registros de mim e não encontrar. Quero espaços vazios no meu guarda-roupa, que eu possa encher de memórias inofensivas.
Eu quero me descobrir acordada na cama, apertando as mãos com força, até que as articulações fiquem brancas. Quero acordar de manhã e saber que vou terminar o dia do mesmo jeito que comecei.
E que o dia seguinte não trará surpresas. Nem o outro, depois dele.
Quero me sentir sozinha, presa e embotada.
Quero sangrar sozinha e curar meus cortes sem ajuda.
Quero a estabilidade e a segurança de nunca ser boa o bastante.
É o que eu quero.
- Quem é você agora? Há alguns anos, você veio até mim. Queria cores, sentir o gosto das ameixas, medo de sangue. Você queria sorrir de verdade, raciocinar e gostar. Você conseguiu?
- Muito mais do que eu pude aguentar, mais do que eu sonhei que poderia conseguir.
- E foi tão ruim assim?
- Não. Não. Foi lindo. Incrível. Eu vi os lugares onde a pele muda de tom, senti cheiro de tapete, eu senti o gosto dos morangos. Eu caminhei pelas ruas e o vento cortou meus braços. Eu ri. Meu coração bateu tão rápido que senti que meu corpo todo batia.
- E então? Por que deixar isso? Por que voltar a não sentir? Você não gosta mais? Você se machucou muito?
- Muito. Incontáveis vezes. Mas sobrevivi. Sentir foi incrível. É incrível. É poesia pura e viva. Mas eu não quero mais. Se eu me machuquei, tudo bem, eu sobrevivi.
Mas eu não quero mais machucar ninguém. Não quero mais tomar decisões, pensar obsessivamente, nem gostar do meu jeito torto. Não me deixe mais machucar ninguém.
Você pode fazer isso?
É o que eu quero.
Eu acho.
- O que posso fazer por você dessa vez?
- Não quero sentir.
Não quero saber como é. Leve tudo embora. Abra um buraco, um espaço em branco, queime as pontes. Eu quero a saída mais fácil.
Quero acordar um dia, sedenta, e beber água direto da torneira. Quero voltar para a cama, em silêncio, e sufocar no meu próprio espaço.
Quero procurar registros de mim e não encontrar. Quero espaços vazios no meu guarda-roupa, que eu possa encher de memórias inofensivas.
Eu quero me descobrir acordada na cama, apertando as mãos com força, até que as articulações fiquem brancas. Quero acordar de manhã e saber que vou terminar o dia do mesmo jeito que comecei.
E que o dia seguinte não trará surpresas. Nem o outro, depois dele.
Quero me sentir sozinha, presa e embotada.
Quero sangrar sozinha e curar meus cortes sem ajuda.
Quero a estabilidade e a segurança de nunca ser boa o bastante.
É o que eu quero.
- Quem é você agora? Há alguns anos, você veio até mim. Queria cores, sentir o gosto das ameixas, medo de sangue. Você queria sorrir de verdade, raciocinar e gostar. Você conseguiu?
- Muito mais do que eu pude aguentar, mais do que eu sonhei que poderia conseguir.
- E foi tão ruim assim?
- Não. Não. Foi lindo. Incrível. Eu vi os lugares onde a pele muda de tom, senti cheiro de tapete, eu senti o gosto dos morangos. Eu caminhei pelas ruas e o vento cortou meus braços. Eu ri. Meu coração bateu tão rápido que senti que meu corpo todo batia.
- E então? Por que deixar isso? Por que voltar a não sentir? Você não gosta mais? Você se machucou muito?
- Muito. Incontáveis vezes. Mas sobrevivi. Sentir foi incrível. É incrível. É poesia pura e viva. Mas eu não quero mais. Se eu me machuquei, tudo bem, eu sobrevivi.
Mas eu não quero mais machucar ninguém. Não quero mais tomar decisões, pensar obsessivamente, nem gostar do meu jeito torto. Não me deixe mais machucar ninguém.
Você pode fazer isso?
É o que eu quero.
Eu acho.
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REDRUM
24x20 Atlas
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Imagem: TingTing Huang
Ossos fracos, achatados. Eu não sou a mesma.
Me olho no espelho, me vejo derreter um pouco a cada manhã.
Estou perdendo estabilidade.
Desenho números. Mãos, pés, pernas, braços, abdome.
Não funciona.
Continuo derretendo.
Deixei de ser sólida. Envelheço, me dissocio.
Às vezes, sinto que sou capaz de me sentir espalhar pelo vento, me misturar às partículas dos livros, das cadeiras, às roupas.
Estou me tornando algo. Desconhecido e conhecido, ao mesmo tempo.
Estou me tornando.
Não há nada que eu possa fazer pra parar.
Ossos fracos, achatados. Eu não sou a mesma.
Me olho no espelho, me vejo derreter um pouco a cada manhã.
Estou perdendo estabilidade.
Desenho números. Mãos, pés, pernas, braços, abdome.
Não funciona.
Continuo derretendo.
Deixei de ser sólida. Envelheço, me dissocio.
Às vezes, sinto que sou capaz de me sentir espalhar pelo vento, me misturar às partículas dos livros, das cadeiras, às roupas.
Estou me tornando algo. Desconhecido e conhecido, ao mesmo tempo.
Estou me tornando.
Não há nada que eu possa fazer pra parar.
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24x19 Damaged Goods
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Imagem: TingTing Huang
Nos conhecemos na fila.
Eu olhei pra ele, escondida pelas pernas enormes da minha Hulder.
- Oi - ele disse, e me olhou como se eu fosse alguém.
Não respondi.
- Também vieram trocar você.
Não era uma pergunta, mas acenei com a cabeça.
- Você fala?
- Não parece ter nada de errado com você, eu disse.
Ele sorriu.
- Não parece ter nada de errado com nenhum de nós. Está tudo aqui dentro. - ele apontou para a própria cabeça.
- O que acontece? Eles vão nos consertar?
- Não. Eles não consertam.
- E então? Vão nos jogar fora?
- Talvez. Ou, talvez, só nos coloquem em uma embalagem nova e mandem pra outro lugar. Você está com medo?
- Por que você está aqui? - mudei de assunto, com medo de estar com medo.
Ele não respondeu de imediato. Acho que ficou avaliando a pergunta, a mudança repentina de assunto, qualquer coisa do tipo.
- Um dia, eu te conto, quando a gente se encontrar de novo. Aí você me responde se teve medo ou não.
Tudo o que eu tenho é medo.
Você me contou, eu respondi.
Estamos quites.
Nos conhecemos na fila.
Eu olhei pra ele, escondida pelas pernas enormes da minha Hulder.
- Oi - ele disse, e me olhou como se eu fosse alguém.
Não respondi.
- Também vieram trocar você.
Não era uma pergunta, mas acenei com a cabeça.
- Você fala?
- Não parece ter nada de errado com você, eu disse.
Ele sorriu.
- Não parece ter nada de errado com nenhum de nós. Está tudo aqui dentro. - ele apontou para a própria cabeça.
- O que acontece? Eles vão nos consertar?
- Não. Eles não consertam.
- E então? Vão nos jogar fora?
- Talvez. Ou, talvez, só nos coloquem em uma embalagem nova e mandem pra outro lugar. Você está com medo?
- Por que você está aqui? - mudei de assunto, com medo de estar com medo.
Ele não respondeu de imediato. Acho que ficou avaliando a pergunta, a mudança repentina de assunto, qualquer coisa do tipo.
- Um dia, eu te conto, quando a gente se encontrar de novo. Aí você me responde se teve medo ou não.
Tudo o que eu tenho é medo.
Você me contou, eu respondi.
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24x18 Let it bleed
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Imagem: TingTing Huang
- Deixe sangrar - disse uma mulher, um dos fantasmas azuis, debruçando-se sobre o meu corpo.
- Por que deixar sangrar se eu posso fazer parar com um estalar de dedos? - disse o outro.
- Deixe sangrar, já disse.
Eu podia sentir meu corpo inchar feito um balão sendo enchido de água.
- Deixe-me abrí-la. - ele disse
- Espere.
- Ela está sangrando por dentro há bastante tempo. Deixe-me abrir.
- Ela vai sobreviver. Ela sempre sobrevive.
- Eu posso ajudar. Eu posso consertar. Posso drenar o sangue e curar os cortes. Posso fechar as feridas e ela nunca vai saber o que houve.
A mulher, o fantasma azul que, durante o diálogo havia estado debruçado sobre mim, se levantou de uma vez.
- Quem você pensa que é? Com seu conhecimento de corte e costura, de sangue e dor. Você acha que pode consertar tudo? Você não é o Deus de que ela precisa. Você não sabe de nada.
- Deus não existe.
Ela puxou-o pelos cabelos e empurrou o rosto dele de encontro ao meu,vulto azul cheirando a travesseiro.
Os olhos dele eram estranhamente sólidos, tão sólidos. Muros enormes.
- Eu posso ajudar, ele disse, eu sei que posso.
E eu tirei minha voz de algum lugar obscuro, juntei as sílabas aos poucos, com calma, e deixei que tudo escorregasse pra fora da goela:
- Deixe sangrar.
- Deixe sangrar - disse uma mulher, um dos fantasmas azuis, debruçando-se sobre o meu corpo.
- Por que deixar sangrar se eu posso fazer parar com um estalar de dedos? - disse o outro.
- Deixe sangrar, já disse.
Eu podia sentir meu corpo inchar feito um balão sendo enchido de água.
- Deixe-me abrí-la. - ele disse
- Espere.
- Ela está sangrando por dentro há bastante tempo. Deixe-me abrir.
- Ela vai sobreviver. Ela sempre sobrevive.
- Eu posso ajudar. Eu posso consertar. Posso drenar o sangue e curar os cortes. Posso fechar as feridas e ela nunca vai saber o que houve.
A mulher, o fantasma azul que, durante o diálogo havia estado debruçado sobre mim, se levantou de uma vez.
- Quem você pensa que é? Com seu conhecimento de corte e costura, de sangue e dor. Você acha que pode consertar tudo? Você não é o Deus de que ela precisa. Você não sabe de nada.
- Deus não existe.
Ela puxou-o pelos cabelos e empurrou o rosto dele de encontro ao meu,vulto azul cheirando a travesseiro.
Os olhos dele eram estranhamente sólidos, tão sólidos. Muros enormes.
- Eu posso ajudar, ele disse, eu sei que posso.
E eu tirei minha voz de algum lugar obscuro, juntei as sílabas aos poucos, com calma, e deixei que tudo escorregasse pra fora da goela:
- Deixe sangrar.
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