Imagem: TingTing Huang
A menina é a mãe da mulher.
Fico de joelhos, rosto à altura do rosto dela: conversamos.
- Ele não vem.
- Não, eu disse, você não sabe do que está falando. Ele sempre vem.
- Sempre vem, em seu cavalo, salvar a donzela de si mesma, como nos velhos tempos... Você nunca cresce?
Engraçado ouvir isso dessa criaturinha miúda e morena, de cabelos enrolados de molinha, com a cara mais séria do mundo. Engraçado e triste também.
- Não é assim. Eu não preciso ser salva. -digo.
- De que é que você precisa?
Eu sei o que ela está tentando fazer. Não vou cair dessa vez.
- Não é sobre isso.
- Eu fiz uma pergunta. De que você precisa? - Ela passa a mão no meu rosto e pergunta, de novo. - Me diga. É alguma coisa que eu não posso te dar? Você tem tudo o que precisa. Por que esperar mais? Por que insistir? Temos os lugares que você quer, os heróis, romance, pessoas, histórias...
- Mas nada disso é real, B.! Eu não quero mais isso, quero me sentir viva. Ver coisas, falar com as pessoas. Quero viver fora de mim.
Ela arregala os olhões de jabuticaba e sinto que está prestes a chorar.
- Você quer que eu morra.
- Se for preciso.
O interfone toca.
- É ele - digo, sem necessidade, me levantando para sair.
- Ele pode ter vindo hoje. Talvez venha amanhã e depois e depois. Mas, um dia, ele não virá mais. E eu virei. Você não é nada sem mim. Eu não sou nada sem você. Você pode negar, agora. Mas eu sei. Você sabe.
Destranco a porta.
- Por favor, não esteja aqui quando eu voltar.
Ouço-a soluçar um pouco, um soluço estranho, bem típico de mim até hoje.
- As you wish,
25x01 Cuckoo
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muito pertinente,
Pégaso,
pills,
realidade pra variar
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