Imagem: TingTing Huang
Eu tenho 22 anos.
Sinto o peso de uma era, a minha era de mentiras, de ordens, de medo e de insegurança sobre os ombros, sob a pele.
Sinto a culpa e a raiva de um milhão, 6 milhões, bilhões de ancestrais nas veias.
Eu me olho no espelho e vejo nos olhos o cansaço de viver muitas vidas que não são as minhas, de não saber como viver ou qual é a minha.
Meu cabelo enrola e desenrola e cai e cresce sem que eu perceba.
E minha pele muda, meu corpo se desequilibra e quebra, todos os dias.
Cuspo sangue, 3 vezes ao dia, sem cessar, mas ele se renova e se multiplica contra a minha vontade, todos os dias, ainda bem.
E desperdiço oportunidades que escoam lentamente em rolos e papéis, futuros sonhos brilhantes e sombrios, ao mesmo tempo.
Eu tenho 22 anos e já vivi uma era, a minha era, já sou velha e imortal.
Eu morro um pouco a cada dia, sem morrer nunca.
Eu tenho 22 anos.
Tenho só 22 anos.
Eu não sei nada da vida.
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