Imagem: TingTing Huang
Uma história fictícia que acontece em 2036, mas poderia estar acontecendo agora, e pode ter acontecido semana passada.
Ela arrumou o cabelo no espelho, mais uma vez: não gostou do que viu.
Talvez, isso já fosse um mau sinal.
Vestiu calças, quase que inconscientemente, ao invés dos milhares de shorts que tinha guardados.
E foi.
Encontrou-o na escada, à espera. E quis, de verdade, que desse certo.
Mas era alguma coisa, definitivamente, alguma coisa a empurrava de volta pra casa, pra debaixo das cobertas.
Foram ao cinema, assistir um filme sobre solidão.
Ele tocou sua mão,
ela tocou-o de volta.
E assim, tímidos, começaram.
Depois, ele a beijou, e esqueceram a luz da tela e a história do filme.
E era bom,
mas
Ela não sabia o que era o mas
Só sabia que não queria que aquilo acabasse. Porque não sabia o que aconteceria depois.
Ele colocou a cabeça no ombro dela,
e ela quis que aquele "mas" não existisse.
Quis de novo aquela dor no peito, a sensação de que algo bom ia acontecer.
As luzes se acenderam.
E eles foram comer pizza.
Pizza boa, a melhor de todas, só pizza.
E era bom,
mas
A pizza acabou e eles foram pro carro,
ele pediu que ela ficasse mais,
e ela
ficou.
Noite alta, luz e sombra,
o mundo todo lá fora,
e ela ficou.
E ela deixou.
E era bom,
mas
No meio de todas as coisas, a sombra de uma árvore, o ruídos das ruas, a voz dele no ouvido,
ela percebeu
que nunca seria mais do que aquilo.
Que ela não queria mais do que aquilo.
Olhou nos olhos dele e viu
Como era fútil o seu 'mas'
E como era significativo o seu 'mas'
Por mais que fosse uma pessoa completamente nova e única,
ele parecia a combinação exata entre
a pessoa que ela mais odiou na vida,
e uma das que mais amou.
Atração e repulsa pura em medidas iguais.
Só que, em dias como aquele,
o mas é o que importa.
Gigantesco, sufocante, quase uma terceira pessoa naquele espaço minúsculo.
- Vamos nos ver de novo essa semana? - ele pergunta
- Vou tentar, digo.
Ele sai do carro e o mas fica
Gigantesco
Sufocante
Vou tentar,
Mas.
31x03 The door
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Imagem: TingTing Huang
E assim acaba, ao menos pra mim, Abril.
Eu não tô apaixonada.
Não foi empate, e ninguém venceu.
Não teve jogo.
Eu tô pronta? Talvez.
Gosto de pensar que sim.
Que superei de vez, cheguei sã e salva na praia.
E trouxe ele comigo, pra ficar são e salvo, seguir seu caminho, longe do meu.
Mas, ao invés de andar, me bateu uma vontade imensa de sentar olhar o pôr do sol.
Já passei daquela fase, já não quero mais correr com as coisas, quero o que eu quiser, no meu tempo, do melhor jeito possível.
Eu quero conhecer as pessoas sem ter que conhecê-las. Sem usar desculpas, não é que tô de coração partido. É que não quero mesmo acordar com ninguém.
Eu quero esse silêncio, exatamente esse.
Dos dedos correndo pelo teclado, Isbells tocando alto, sem precisar de fones.
O sofá e a possibilidade de ler.
Eu gosto de gente, de beijo, de passar a mão nos cabelos.
Mas gosto mais disso.
E tinha me esquecido como era bom.
Ainda quero aquele namoro de propaganda, a luz do sol batendo e descobrindo a pele, pedaço por pedaço.
Mas não tenho pressa.
Achei que tivesse, o coração pulando pela boca o dia todo.
Mas aí eu te vi. Sentado, olhando o celular, à espera, iluminado pelas luzes lindas, pela lua linda, cheirando a Brasília.
E eu soube, de uma maneira triste e natural,
que eu quero ficar só.
Mas não dei meia volta e fui pra casa. Não faço mais isso.
Segui em frente, toquei seu rosto.
Eu não tenho medo.
O que tiver que ser,
que seja.
E assim acaba, ao menos pra mim, Abril.
Eu não tô apaixonada.
Não foi empate, e ninguém venceu.
Não teve jogo.
Eu tô pronta? Talvez.
Gosto de pensar que sim.
Que superei de vez, cheguei sã e salva na praia.
E trouxe ele comigo, pra ficar são e salvo, seguir seu caminho, longe do meu.
Mas, ao invés de andar, me bateu uma vontade imensa de sentar olhar o pôr do sol.
Já passei daquela fase, já não quero mais correr com as coisas, quero o que eu quiser, no meu tempo, do melhor jeito possível.
Eu quero conhecer as pessoas sem ter que conhecê-las. Sem usar desculpas, não é que tô de coração partido. É que não quero mesmo acordar com ninguém.
Eu quero esse silêncio, exatamente esse.
Dos dedos correndo pelo teclado, Isbells tocando alto, sem precisar de fones.
O sofá e a possibilidade de ler.
Eu gosto de gente, de beijo, de passar a mão nos cabelos.
Mas gosto mais disso.
E tinha me esquecido como era bom.
Ainda quero aquele namoro de propaganda, a luz do sol batendo e descobrindo a pele, pedaço por pedaço.
Mas não tenho pressa.
Achei que tivesse, o coração pulando pela boca o dia todo.
Mas aí eu te vi. Sentado, olhando o celular, à espera, iluminado pelas luzes lindas, pela lua linda, cheirando a Brasília.
E eu soube, de uma maneira triste e natural,
que eu quero ficar só.
Mas não dei meia volta e fui pra casa. Não faço mais isso.
Segui em frente, toquei seu rosto.
Eu não tenho medo.
O que tiver que ser,
que seja.
31x02 Aphrodite Lady Seashell Bikini
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Imagem: TingTing Huang
Fechei os olhos, música ruim, nem um pouco bêbada.
Bored as fuck.
Os rapazes passando, a vida passando,as pessoas se beijando aqui e acolá, gosto de Heineken na boca.
Eu não queria ir embora.
Mas não queria mais ficar.
Fechei os olhos, último fim de semana do vênus, e eu encostada na parede, movendo as pernas de mansinho. Sussurro breve, brisa com cheiro de grama recém-cortada: decidi confiar.
Dancei. Uma duas, mil músicas ruins.
Até que você chegou.
E me assustou.
Me fez rir.
Me fez mentir.
Me fez sentir pena, familiaridade, um pouco de medo, posição defensiva.
Falou comigo e eu ri.
Dei um passo pra trás, mas o espaço não era suficiente pra fugir da sua boca.
Aí você me beijou.
E, surpresa das surpresas,
foi bom.
Eu sóbria, você nem sei,
as músicas horríveis derretendo junto com a luz,
minha boca com gosto de cerveja, a tua com gosto de cigarro e de promessas.
Foi bom.
De um jeito diferente de todos esses últimos meses, livre de culpa e de tristeza, só beijo, beijo só.
Pediu meu número, prometeu sorvete.
Eu te fiz rir.
E você foi embora.
Dei de ombros, vocês sempre vão embora.
Geralmente, eu não ligo.
Mas liguei.
Olhei o visor do celular, procurando uma coisa qualquer.
Uma.
Duas.
Três.
Cem vezes.
E nada.
Veio o Dragon Maker perguntar se queria sair,
Eduardo-o-arquiteto chamando pra beber,
mais um ou outro.
E nada de você.
Dei de ombros.
Mas olhei o visor do celular
Uma,
duas,
três
e você apareceu.
E eu percebi que tinha estado esperando.
Loucura, é, nem te conheço.
Mas quero.
Não me sinto assim há um tempo, muito tempo.
Frio na barriga,
você fala,
e eu só quero que você não pare de falar.
Quero gostar de você.
Loucura, é.
Nem te conheço.
Mas quero.
Wish me luck.
Fechei os olhos, música ruim, nem um pouco bêbada.
Bored as fuck.
Os rapazes passando, a vida passando,as pessoas se beijando aqui e acolá, gosto de Heineken na boca.
Eu não queria ir embora.
Mas não queria mais ficar.
Fechei os olhos, último fim de semana do vênus, e eu encostada na parede, movendo as pernas de mansinho. Sussurro breve, brisa com cheiro de grama recém-cortada: decidi confiar.
Dancei. Uma duas, mil músicas ruins.
Até que você chegou.
E me assustou.
Me fez rir.
Me fez mentir.
Me fez sentir pena, familiaridade, um pouco de medo, posição defensiva.
Falou comigo e eu ri.
Dei um passo pra trás, mas o espaço não era suficiente pra fugir da sua boca.
Aí você me beijou.
E, surpresa das surpresas,
foi bom.
Eu sóbria, você nem sei,
as músicas horríveis derretendo junto com a luz,
minha boca com gosto de cerveja, a tua com gosto de cigarro e de promessas.
Foi bom.
De um jeito diferente de todos esses últimos meses, livre de culpa e de tristeza, só beijo, beijo só.
Pediu meu número, prometeu sorvete.
Eu te fiz rir.
E você foi embora.
Dei de ombros, vocês sempre vão embora.
Geralmente, eu não ligo.
Mas liguei.
Olhei o visor do celular, procurando uma coisa qualquer.
Uma.
Duas.
Três.
Cem vezes.
E nada.
Veio o Dragon Maker perguntar se queria sair,
Eduardo-o-arquiteto chamando pra beber,
mais um ou outro.
E nada de você.
Dei de ombros.
Mas olhei o visor do celular
Uma,
duas,
três
e você apareceu.
E eu percebi que tinha estado esperando.
Loucura, é, nem te conheço.
Mas quero.
Não me sinto assim há um tempo, muito tempo.
Frio na barriga,
você fala,
e eu só quero que você não pare de falar.
Quero gostar de você.
Loucura, é.
Nem te conheço.
Mas quero.
Wish me luck.
31x01 Tanque cheio
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Imagem: TingTing Huang
Meu coração tá batendo feito louco, minha cabeça tá batendo feito louca ao som de uma música que acabei de conhecer e define todos esses dias.
Eu tô
Nova.
Esgotada.
Diferente.
Tanta coisa que nem cabe aqui,
Em um estado de mania ou do que quer que seja, dane-se a nomenclatura, as regras.
Eu tô viva.
Sei que tô viva quando a minha raiva dele vem e passa, mudo de ideia, deito na cama e sonho com beijos e bizarrices, bolos verdes e casacos em cabides.
Eu grito pro mundo, falo alto, dou risada e perco quando não dá pra ganhar.
Eu xingo o mundo todo, durmo na aula, acordo afrontosa,
quero berrar que amo, amo amo amo amo amo amo
- Ama o quê?
- Isso.
Tenho tido esses sonhos estranhos, vívidos, confusos, nojentos, que me atraem sobremaneira. E acho que sei o porquê.
Eu amo. Claro, de forma doentia, ridícula, triste e podre. Mas é amor.
Eu estou transbordando.
Eu não tenho a quem amar, não estou apaixonada, não escrevo, não leio.
Então saio por aí jogando amor a torto e a direito, sonhando que beijo meus amigos, e dando amor, amor puro e simples que eu costumo guardar.
Só que já não cabe.
Me ponho a tremer no meio das aulas, dor de cabeça, náusea, uma preocupação excessiva com meus amigos, Berenice, Elspeth, Claire, Liz, Tess. deito na cama e fico pensando em maneiras de escoar fora. Não consigo. Não durmo. Cochilo, acordo às 4 da manhã, elétrica e danço uma ode ao meu corpo, abraço o travesseiro, toco o rosto das pessoas e abraço meu melhor amigo como se não o visse há séculos.
Todo o amor guardado, contido, escorre pelos dedos, jorra, me deixa doida, elétrica, falante.
Eu amo. Da maneira mais errada, destrutiva, agressiva e defensiva, escandalosa.
Eu quero amá-lo de novo, mas não é isso, não dá mais.
Eu quero amar e é maior do que uma pessoa só, maior do que esse meu corpo.
É maior do que uma simples conexão, o toque entre as mãos ou conversas no whatsapp. É maior do que as lembranças aleatórias que surgem na minha mente, do que essa sensação de estar perdida.
É forte, impreciso, e também é delicado. Complexo.
E eu não sei o que fazer com isso.
Eu não sei lidar com isso.
Parece algo vivo, dentro de mim, me dizendo o que fazer em um idioma que eu não compreendo.
Mas está aí, é inegável.
Mais dia, menos dia, eu descubro o que fazer com isso.
Não tenho pressa.
Meu coração tá batendo feito louco, minha cabeça tá batendo feito louca ao som de uma música que acabei de conhecer e define todos esses dias.
Eu tô
Nova.
Esgotada.
Diferente.
Tanta coisa que nem cabe aqui,
Em um estado de mania ou do que quer que seja, dane-se a nomenclatura, as regras.
Eu tô viva.
Sei que tô viva quando a minha raiva dele vem e passa, mudo de ideia, deito na cama e sonho com beijos e bizarrices, bolos verdes e casacos em cabides.
Eu grito pro mundo, falo alto, dou risada e perco quando não dá pra ganhar.
Eu xingo o mundo todo, durmo na aula, acordo afrontosa,
quero berrar que amo, amo amo amo amo amo amo
- Ama o quê?
- Isso.
Tenho tido esses sonhos estranhos, vívidos, confusos, nojentos, que me atraem sobremaneira. E acho que sei o porquê.
Eu amo. Claro, de forma doentia, ridícula, triste e podre. Mas é amor.
Eu estou transbordando.
Eu não tenho a quem amar, não estou apaixonada, não escrevo, não leio.
Então saio por aí jogando amor a torto e a direito, sonhando que beijo meus amigos, e dando amor, amor puro e simples que eu costumo guardar.
Só que já não cabe.
Me ponho a tremer no meio das aulas, dor de cabeça, náusea, uma preocupação excessiva com meus amigos, Berenice, Elspeth, Claire, Liz, Tess. deito na cama e fico pensando em maneiras de escoar fora. Não consigo. Não durmo. Cochilo, acordo às 4 da manhã, elétrica e danço uma ode ao meu corpo, abraço o travesseiro, toco o rosto das pessoas e abraço meu melhor amigo como se não o visse há séculos.
Todo o amor guardado, contido, escorre pelos dedos, jorra, me deixa doida, elétrica, falante.
Eu amo. Da maneira mais errada, destrutiva, agressiva e defensiva, escandalosa.
Eu quero amá-lo de novo, mas não é isso, não dá mais.
Eu quero amar e é maior do que uma pessoa só, maior do que esse meu corpo.
É maior do que uma simples conexão, o toque entre as mãos ou conversas no whatsapp. É maior do que as lembranças aleatórias que surgem na minha mente, do que essa sensação de estar perdida.
É forte, impreciso, e também é delicado. Complexo.
E eu não sei o que fazer com isso.
Eu não sei lidar com isso.
Parece algo vivo, dentro de mim, me dizendo o que fazer em um idioma que eu não compreendo.
Mas está aí, é inegável.
Mais dia, menos dia, eu descubro o que fazer com isso.
Não tenho pressa.
30x20 Kübler-Ross, parte 5 (Season Finale)
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Imagem: TingTing Huang
"Tô sozinho aqui, tenho medo de fantasma
Deixa eu dormir na sua casa
Abraçados de conchinha
Deitar sob as nossas sombras"
- Nunca andamos juntos de metrô - eu digo.
Minha voz se dissolve na estação, escorre pra dentro dos teus ouvidos, mas não gruda, não fica.
Penso em falar mais alto, bem alto.
Mas não quero me cansar.
Eu não tô feliz. Alegre. Coisa que o valha.
Eu queria amar você daquele jeito, ainda. De tantas formas, eu queria te mostrar, te contar, cuidar, saber.
Eu ainda sonho com você, sinto vontade de te ver.
Mas já não é tanta assim.
Já não ligo tanto para a Mimi-Rose, ou sinto essa vontade incontrolável de estar onde você está.
Já não me pelo de medo de te ver na minha timeline com outra garota.
Mas eu ainda amo você, é claro.
Ainda te defendo em discussões, quero o teu bem, desejo toda a felicidade do mundo (ok, talvez nem toda).
Eu ainda me importo.
Mas já não é tanto assim.
O trem chega, você se levanta
"Fique atrás da linha amarela", lembro,
e você se vira e me pergunta
- Você não vem?
Eu queria muito ir. MUITO, em caixa alta mesmo.
- Não. Dessa vez, não.
Você acena, daquele seu jeito tímido, entra no trem e some, engolido pela vida, pela terra, pelo tempo.
E eu fico, sozinha, na estação.
Dá um certo medo, mas logo passa.
Eu me sento e tudo é música, cor, descubro quem sou, olho as horas, espero pelo próximo trem, sem pressa, leio e aprendo. E sinto saudade.
Acho que sempre vou sentir, em uma situação ou outra.
Obrigada.
Eu vou ficar bem
E espero que você também esteja bem.
Vamos ficar bem.
"Apague as lâmpadas dos olhos,
o jeito da sua escuridão me acalma
O sono é uma esponja
E o medo sente medo
Quando estamos juntos"
Definitivamente,
vamos ficar bem.
"Tô sozinho aqui, tenho medo de fantasma
Deixa eu dormir na sua casa
Abraçados de conchinha
Deitar sob as nossas sombras"
- Nunca andamos juntos de metrô - eu digo.
Minha voz se dissolve na estação, escorre pra dentro dos teus ouvidos, mas não gruda, não fica.
Penso em falar mais alto, bem alto.
Mas não quero me cansar.
Eu não tô feliz. Alegre. Coisa que o valha.
Eu queria amar você daquele jeito, ainda. De tantas formas, eu queria te mostrar, te contar, cuidar, saber.
Eu ainda sonho com você, sinto vontade de te ver.
Mas já não é tanta assim.
Já não ligo tanto para a Mimi-Rose, ou sinto essa vontade incontrolável de estar onde você está.
Já não me pelo de medo de te ver na minha timeline com outra garota.
Mas eu ainda amo você, é claro.
Ainda te defendo em discussões, quero o teu bem, desejo toda a felicidade do mundo (ok, talvez nem toda).
Eu ainda me importo.
Mas já não é tanto assim.
O trem chega, você se levanta
"Fique atrás da linha amarela", lembro,
e você se vira e me pergunta
- Você não vem?
Eu queria muito ir. MUITO, em caixa alta mesmo.
- Não. Dessa vez, não.
Você acena, daquele seu jeito tímido, entra no trem e some, engolido pela vida, pela terra, pelo tempo.
E eu fico, sozinha, na estação.
Dá um certo medo, mas logo passa.
Eu me sento e tudo é música, cor, descubro quem sou, olho as horas, espero pelo próximo trem, sem pressa, leio e aprendo. E sinto saudade.
Acho que sempre vou sentir, em uma situação ou outra.
Obrigada.
Eu vou ficar bem
E espero que você também esteja bem.
Vamos ficar bem.
"Apague as lâmpadas dos olhos,
o jeito da sua escuridão me acalma
O sono é uma esponja
E o medo sente medo
Quando estamos juntos"
Definitivamente,
vamos ficar bem.
Early Cuts: That's not my DSM
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Imagem: TingTing Huang
(Atenção: Como todos os Early Cuts, esse texto foi escrito em outra fase da vida. Na verdade, parece até que foi em outra vida.)
- Carol, TPB.
- Lucas, DM.
- Henrique, TPE.
- Luiza, AN.
- B., --
Eles olharam pra mim, cheios de expectativa, prontos pra julgar, me analisar, me consolar, me aceitar.
Mas eu não sei quem sou, não sei o que tenho.
Mas sei o que quero.
Quero ser só o meu nome, ser julgada pelo meu signo, consolada porque meu ascendente é em Leão, me analisem os tênis converse riscados, as pernas roxas.
Porque a minha sigla não faz diferença, nunca fez.
Não é sobre a minha incapacidade de manter relacionamentos, sobre meu pavor de certos detalhes, meus pesadelos, o tique dos números, todos aqueles remédios e conversas infinitas. Não é sobre isso que quero conversar, não é o que importa.
Quero falar de séries. Quero explicar aquele personagem favorito, do melhor livro do mundo. E contar sobre o meu dia. Quero contar sobre um sonho que tive e sobre uma briga, sem que digam que é normal - para a minha condição.
Não quero ser parte dessa estatística, um relato de caso.
Eu quero ir pra casa do meu namorado, tocar o interfone e dizer que o amo.
E eu quero brigar com ele, porque é parte de quem eu sou. Ser briguenta.
Não quero uma sigla ou um remédio.
Eu quero ir pra casa enterrar meu rosto no pescoço dele, e dormir enquanto ele lê.
Eu quero sentir ciúme.
Eu quero sentir raiva. E dor.
Felicidade.
E quero ficar apática.
Eu quero ler um livro. Eu quero viver um livro.
E quero amar do meu jeito. Sem ter que contar os detalhes pra um médico que me olha preocupado.
Eu quero poder subir em parapeitos sem que ninguém tenha medo de que eu queira me jogar.
E quero poder fazer o que eu faço de melhor,
sem ninguém pra dizer que é parte de um quadro clínico.
Não quero entender de prognóstico. Eu quero entender de andar de mãos dadas e do jeito como ele me oferece o casaco quando eu tremo de frio.
E dane-se diagnóstico e critérios, diagnóstico diferencial e agulhas me furando os braços,
eu só quero ir pra casa usar meu melhor vestido só pra olhar pra ele enquanto ele dirige.
Eu não quero saber quem eu sou pela leitura de um livro texto. Eu quero ser.
Eu quero ser piegas, eu quero não saber se tenho problemas pra manter relacionamentos amorosos. Eu quero tentar.
Eu quero estar lá.
Aconteça o que acontecer.
Eles ficaram me olhando, esperando, famintos pelas letrinhas que iriam me definir.
- B., pisciana. Ascendente em leão. Mais velha de 4 irmãos. Estudante. É isso, eu acho.
É isso, eu acho. (:
(Atenção: Como todos os Early Cuts, esse texto foi escrito em outra fase da vida. Na verdade, parece até que foi em outra vida.)
- Carol, TPB.
- Lucas, DM.
- Henrique, TPE.
- Luiza, AN.
- B., --
Eles olharam pra mim, cheios de expectativa, prontos pra julgar, me analisar, me consolar, me aceitar.
Mas eu não sei quem sou, não sei o que tenho.
Mas sei o que quero.
Quero ser só o meu nome, ser julgada pelo meu signo, consolada porque meu ascendente é em Leão, me analisem os tênis converse riscados, as pernas roxas.
Porque a minha sigla não faz diferença, nunca fez.
Não é sobre a minha incapacidade de manter relacionamentos, sobre meu pavor de certos detalhes, meus pesadelos, o tique dos números, todos aqueles remédios e conversas infinitas. Não é sobre isso que quero conversar, não é o que importa.
Quero falar de séries. Quero explicar aquele personagem favorito, do melhor livro do mundo. E contar sobre o meu dia. Quero contar sobre um sonho que tive e sobre uma briga, sem que digam que é normal - para a minha condição.
Não quero ser parte dessa estatística, um relato de caso.
Eu quero ir pra casa do meu namorado, tocar o interfone e dizer que o amo.
E eu quero brigar com ele, porque é parte de quem eu sou. Ser briguenta.
Não quero uma sigla ou um remédio.
Eu quero ir pra casa enterrar meu rosto no pescoço dele, e dormir enquanto ele lê.
Eu quero sentir ciúme.
Eu quero sentir raiva. E dor.
Felicidade.
E quero ficar apática.
Eu quero ler um livro. Eu quero viver um livro.
E quero amar do meu jeito. Sem ter que contar os detalhes pra um médico que me olha preocupado.
Eu quero poder subir em parapeitos sem que ninguém tenha medo de que eu queira me jogar.
E quero poder fazer o que eu faço de melhor,
sem ninguém pra dizer que é parte de um quadro clínico.
Não quero entender de prognóstico. Eu quero entender de andar de mãos dadas e do jeito como ele me oferece o casaco quando eu tremo de frio.
E dane-se diagnóstico e critérios, diagnóstico diferencial e agulhas me furando os braços,
eu só quero ir pra casa usar meu melhor vestido só pra olhar pra ele enquanto ele dirige.
Eu não quero saber quem eu sou pela leitura de um livro texto. Eu quero ser.
Eu quero ser piegas, eu quero não saber se tenho problemas pra manter relacionamentos amorosos. Eu quero tentar.
Eu quero estar lá.
Aconteça o que acontecer.
Eles ficaram me olhando, esperando, famintos pelas letrinhas que iriam me definir.
- B., pisciana. Ascendente em leão. Mais velha de 4 irmãos. Estudante. É isso, eu acho.
É isso, eu acho. (:
Early Cuts: Ohio
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Imagem: TingTing Huang
(E é por essas e outras, meu amado, meu adorado, que eu escolhi não te odiar. Porque os pedaços que você recolheu naqueles dias foram o bastante)
Sou lixo.
Sou pó.
Isso não é vida, isso é caminhar na rua, desaparecendo a cada passo.
Meio do caminho, te encontro, aceno -
Você vê.
Conversamos.
Sumo, lentamente.
Você recolhe os fragmentos, fala - com a boca tampada -, não me sopra, não me toca:
"Fica".
Nunca me pediram pra ficar.
Faço esforço, junto moléculas com as mãos, mas não consigo.
Eu não tenho forças.
Me desfaço.
E você me recolhe do chão.
Não junta, não joga fora.
Por enquanto, pedaços bastam.
Por enquanto.
(E é por essas e outras, meu amado, meu adorado, que eu escolhi não te odiar. Porque os pedaços que você recolheu naqueles dias foram o bastante)
Sou lixo.
Sou pó.
Isso não é vida, isso é caminhar na rua, desaparecendo a cada passo.
Meio do caminho, te encontro, aceno -
Você vê.
Conversamos.
Sumo, lentamente.
Você recolhe os fragmentos, fala - com a boca tampada -, não me sopra, não me toca:
"Fica".
Nunca me pediram pra ficar.
Faço esforço, junto moléculas com as mãos, mas não consigo.
Eu não tenho forças.
Me desfaço.
E você me recolhe do chão.
Não junta, não joga fora.
Por enquanto, pedaços bastam.
Por enquanto.
30x19 Beneath the skin
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Imagem: TingTing Huang
Ando meio preocupada.
Com amor.
Por que é que eu tenho que amar alguém pra não me sentir perdida e vazia?
Eu não posso viver assim, ver os dias passarem, dar risada, ouvir músicas de amor que são só músicas de amor - dos outros?
Estava sentada olhando a raiz dos seus cabelos e me perguntando
Como é que eu ia viver daqui pra frente.
Sobre o que é que eu vou escrever?
E quando eu assistir um filme de amor, o que é que vou sentir?
Ando me sentindo meio pressionada, obrigada a amar alguém.
Mas eu não quero.
Eu quero que as músicas sejam só músicas, que o casal no seriado fique junto porque sim, mas eu não tenho que ficar junto também.
Eu não me sinto capaz de ficar junto.
Eu quero sair por aí.
Lavar o cabelo, respirar bem fundo.
Eu quero limpar o fogão.
E ler sobre mielomeningocele.
Eu juro que quero.
Mas aí me invade essa ideia antiga, esse devaneio de um beijo que nunca veio. A textura desconhecida do seu cabelo, do seu rosto.
O cheiro que eu nem sei se você tem.
E o jeito como seus cotovelos são estranhos.
E eu fico, momentaneamente, tentada. Sinto vontade de tentar de novo, de seguir em frente. Bater a cabeça na parede, chorar as pitangas.
Entro no carro, coloco a playlist no aleatório, me pergunto como é que você se sente sobre mim.
E, de repente, tô imersa naqueles devaneios de nós dois, que parecem nunca desgrudar totalmente da carne, ficam à espreita, escondidos num furinho lá debaixo do dedão do pé. Naquela pontinha do cérebro, donos de uma frequência única que ressurge nessas tardes quentes e insossas.
Mas eu não quero amar ninguém.
Nem você.
Eu quero chegar em casa e respirar fundo.
Não sinto saudade do coração querendo sair pela boca, nem da ansiedade gigantesca, da vontade de largar tudo, do romance, da dor.
O que eu sinto é que a vida perde um pouco de sentido sem isso.
Mas é coisa de hábito.
Hábito de pisciana, se apaixonar a torto e a direito.
Hábito que quero largar.
Ouço "Elation", aperto no peito, vontade daquele amor tranquilo e bom, que eu nunca tive, talvez nunca tenha, porque eu não sei amar ninguém.
E tudo bem.
Eu não quero amar ninguém.
Nem mesmo você.
Ando meio preocupada.
Com amor.
Por que é que eu tenho que amar alguém pra não me sentir perdida e vazia?
Eu não posso viver assim, ver os dias passarem, dar risada, ouvir músicas de amor que são só músicas de amor - dos outros?
Estava sentada olhando a raiz dos seus cabelos e me perguntando
Como é que eu ia viver daqui pra frente.
Sobre o que é que eu vou escrever?
E quando eu assistir um filme de amor, o que é que vou sentir?
Ando me sentindo meio pressionada, obrigada a amar alguém.
Mas eu não quero.
Eu quero que as músicas sejam só músicas, que o casal no seriado fique junto porque sim, mas eu não tenho que ficar junto também.
Eu não me sinto capaz de ficar junto.
Eu quero sair por aí.
Lavar o cabelo, respirar bem fundo.
Eu quero limpar o fogão.
E ler sobre mielomeningocele.
Eu juro que quero.
Mas aí me invade essa ideia antiga, esse devaneio de um beijo que nunca veio. A textura desconhecida do seu cabelo, do seu rosto.
O cheiro que eu nem sei se você tem.
E o jeito como seus cotovelos são estranhos.
E eu fico, momentaneamente, tentada. Sinto vontade de tentar de novo, de seguir em frente. Bater a cabeça na parede, chorar as pitangas.
Entro no carro, coloco a playlist no aleatório, me pergunto como é que você se sente sobre mim.
E, de repente, tô imersa naqueles devaneios de nós dois, que parecem nunca desgrudar totalmente da carne, ficam à espreita, escondidos num furinho lá debaixo do dedão do pé. Naquela pontinha do cérebro, donos de uma frequência única que ressurge nessas tardes quentes e insossas.
Mas eu não quero amar ninguém.
Nem você.
Eu quero chegar em casa e respirar fundo.
Não sinto saudade do coração querendo sair pela boca, nem da ansiedade gigantesca, da vontade de largar tudo, do romance, da dor.
O que eu sinto é que a vida perde um pouco de sentido sem isso.
Mas é coisa de hábito.
Hábito de pisciana, se apaixonar a torto e a direito.
Hábito que quero largar.
Ouço "Elation", aperto no peito, vontade daquele amor tranquilo e bom, que eu nunca tive, talvez nunca tenha, porque eu não sei amar ninguém.
E tudo bem.
Eu não quero amar ninguém.
Nem mesmo você.
30x18 Froot
Postado por
garota solteira procura,
Imagem: TingTing Huang
Fiquei olhando as estrelas.
A fachada do prédio, as casas da frente.
As pessoas passando pela rua, o cheiro.
Os carros parados, as placas, as plantas.
E nada me pareceu familiar, nem mesmo os seus ruídos.
Nem os lugares onde eu costumava estacionar, a calçada, as luzes.
Fiquei me perguntando o que é que eu tanto olhava quando ficava lá fora, esperando, em que é que eu pensava mesmo?
Coisas de amor, provavelmente.
Enquanto você não descia, eu me dei conta de que só queria ir pra casa comer.
Mas que houve um tempo em que eu nem sentia fome.
Eu só queria estar ali.
Bateu uma tonteira, uma sensação de estar fora da realidade, por um segundo. Não a sensação de estar perdida, mas a sensação de que eu estava tentando lembrar de algo que nunca tinha acontecido.
Pensei em Lean On, que tinha começado a tocar minutos atrás, e como essa música tinha sido um dos hinos das minhas mágoas, a música que eu tinha escutado bêbada, no meio de tantas madrugadas a procura de um gosto parecido com o da sua boca. Pensei em como era só uma música, como eu tinha uma playlist completamente diversa, limpa: feliz, de garota crescida.
Pensei no meu melhor amigo, e no meu outro melhor amigo. Pensei em como eu cheguei no fundo do poço meses atrás, como eu fui capaz de fazer de tudo pra não pensar nisso. Eu sempre soube que, em algum momento, iria parar de doer. Mas eu não achei que realmente fosse acontecer.
E confesso que isso me deixa confusa.
Parte de mim tem medo de ficar perdida sem isso, sem essa dor, sem essa história, sem drama.
Mas grande parte de mim já cansou.
Eu olhei pr'aquela casa que sempre esteve lá na frente do seu prédio e não a reconheci. Será que eu já tinha mesmo olhado pra ela?
Disse isso a L., e ela me disse que era porque eu tinha "olhos novos".
É, olhos novos.
Eu não sou a mesma.
Eu não me sinto doente. Eu faço escolhas, pequenas, e decido não fazer algumas delas.
Eu QUERO ler na ordem. Eu GOSTO de assistir seriados em ordem alfabética. E foda-se se eu quiser assistir fora da ordem. Eu posso. E quem decide sou eu.
Eu gosto de sair. Gosto de dançar. Gosto do gosto do álcool, da sensação de entorpecimento. Gosto de abraços. Não tenho cabelo, gosto desse cara - mas nem tanto assim -, de cinema, gosto de ficar em casa, eu sei tanta coisa, eu sou capaz de tanta coisa.
E é por isso que eu não enxergo mais o que eu costumava enxergar. Isso me deixa angustiada, mas feliz.
Eu não sou mais a mesma.
Eu posso ter arruinado tudo, ter acabado com a gente, ter sido a maior filha da puta da galáxia, mas eu não a mesma.
Eu tenho olhos novos.
Aprendi a opinar, e a chorar de vez em quando.
Aprendi a amar minhas amigas e a detestá-las também.
Tanta coisa, tanta
É o que passa pela minha cabeça dolorida,
e você desce, com os papéis na mão.
E eu te vejo pela primeira vez, com meus olhos novos
E percebo que gosto de você. Você tem seus defeitos, mas fez muito por mim. Você cuidou de mim, você esteve lá pra mim também.
Eu gosto de você, muito.
Mas não te amo mais.
Isso me desestabilizou por um instante, e eu senti vontade de usar meus olhos velhos, de te amar sob as estrelas e te enxergar com meus olhos velhos, aquela mágica, aquele cheiro de limão, tão poético, tão bonito.
Mas passou rápido.
É melhor assim. Não tenho mais o poder de te machucar. Eu não estou machucando ninguém.
Estou aprendendo a gostar de mim, me conhecendo melhor, fazendo coisas, não fazendo coisas.
E espero que você esteja fazendo o mesmo.
Loucura, é.
Mas acho que, finalmente, eu só espero que você esteja bem.
O resto, bem,
Não é da minha conta.
Não mais.
Fiquei olhando as estrelas.
A fachada do prédio, as casas da frente.
As pessoas passando pela rua, o cheiro.
Os carros parados, as placas, as plantas.
E nada me pareceu familiar, nem mesmo os seus ruídos.
Nem os lugares onde eu costumava estacionar, a calçada, as luzes.
Fiquei me perguntando o que é que eu tanto olhava quando ficava lá fora, esperando, em que é que eu pensava mesmo?
Coisas de amor, provavelmente.
Enquanto você não descia, eu me dei conta de que só queria ir pra casa comer.
Mas que houve um tempo em que eu nem sentia fome.
Eu só queria estar ali.
Bateu uma tonteira, uma sensação de estar fora da realidade, por um segundo. Não a sensação de estar perdida, mas a sensação de que eu estava tentando lembrar de algo que nunca tinha acontecido.
Pensei em Lean On, que tinha começado a tocar minutos atrás, e como essa música tinha sido um dos hinos das minhas mágoas, a música que eu tinha escutado bêbada, no meio de tantas madrugadas a procura de um gosto parecido com o da sua boca. Pensei em como era só uma música, como eu tinha uma playlist completamente diversa, limpa: feliz, de garota crescida.
Pensei no meu melhor amigo, e no meu outro melhor amigo. Pensei em como eu cheguei no fundo do poço meses atrás, como eu fui capaz de fazer de tudo pra não pensar nisso. Eu sempre soube que, em algum momento, iria parar de doer. Mas eu não achei que realmente fosse acontecer.
E confesso que isso me deixa confusa.
Parte de mim tem medo de ficar perdida sem isso, sem essa dor, sem essa história, sem drama.
Mas grande parte de mim já cansou.
Eu olhei pr'aquela casa que sempre esteve lá na frente do seu prédio e não a reconheci. Será que eu já tinha mesmo olhado pra ela?
Disse isso a L., e ela me disse que era porque eu tinha "olhos novos".
É, olhos novos.
Eu não sou a mesma.
Eu não me sinto doente. Eu faço escolhas, pequenas, e decido não fazer algumas delas.
Eu QUERO ler na ordem. Eu GOSTO de assistir seriados em ordem alfabética. E foda-se se eu quiser assistir fora da ordem. Eu posso. E quem decide sou eu.
Eu gosto de sair. Gosto de dançar. Gosto do gosto do álcool, da sensação de entorpecimento. Gosto de abraços. Não tenho cabelo, gosto desse cara - mas nem tanto assim -, de cinema, gosto de ficar em casa, eu sei tanta coisa, eu sou capaz de tanta coisa.
E é por isso que eu não enxergo mais o que eu costumava enxergar. Isso me deixa angustiada, mas feliz.
Eu não sou mais a mesma.
Eu posso ter arruinado tudo, ter acabado com a gente, ter sido a maior filha da puta da galáxia, mas eu não a mesma.
Eu tenho olhos novos.
Aprendi a opinar, e a chorar de vez em quando.
Aprendi a amar minhas amigas e a detestá-las também.
Tanta coisa, tanta
É o que passa pela minha cabeça dolorida,
e você desce, com os papéis na mão.
E eu te vejo pela primeira vez, com meus olhos novos
E percebo que gosto de você. Você tem seus defeitos, mas fez muito por mim. Você cuidou de mim, você esteve lá pra mim também.
Eu gosto de você, muito.
Mas não te amo mais.
Isso me desestabilizou por um instante, e eu senti vontade de usar meus olhos velhos, de te amar sob as estrelas e te enxergar com meus olhos velhos, aquela mágica, aquele cheiro de limão, tão poético, tão bonito.
Mas passou rápido.
É melhor assim. Não tenho mais o poder de te machucar. Eu não estou machucando ninguém.
Estou aprendendo a gostar de mim, me conhecendo melhor, fazendo coisas, não fazendo coisas.
E espero que você esteja fazendo o mesmo.
Loucura, é.
Mas acho que, finalmente, eu só espero que você esteja bem.
O resto, bem,
Não é da minha conta.
Não mais.
30x17 Às vezes, acho que acabou
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garota solteira procura,
Imagem: TingTing Huang
Foi o meu cabelo.
O jeito como o tecido azul tocava minhas pernas, ou o jeito como eu sussurrei o nome do meu espírito animal no banheiro escuro.
O fato de que o seu pescoço não tem cheiro,
o gosto do maracujá, a bunda redonda de um rapaz que não acho nada bonito.
Foi o álcool correndo no corpo,
o gosto de sorriso na boca,
meu crush no Tyler, a vista linda
Costas nuas, minha unha quebrada no canto.
Sex on the beach,
o gosto de não ficar brava por não ter tempo o bastante, nunca tenho, nunca tive, nunca terei.
E, mesmo assim, eu dou um jeito de me doar pra todo mundo.
Até pra mim.
Foi aquele sorriso incrível que ele me deu a caminho do auditório, o jeito como os olhos dele sorriem.
Aquela sensação de colocar algo no corpo e se sentir bem.
Ter um bad hair day e não ligar pra isso, porque não tem muito o que fazer.
Sair de casa e respirar fundo, pensar "Vai adiantar ficar brava por isso?"
Foi o jeito como ele subiu na arquibancada, fotos polaróides e o fato de que eu sei quem quero ser.
A sensação estranha de urinar quando se está meio bêbada, uma música que me ninou quando eu achei que tivesse crescido.
Foi algo no jeito como você é um cara como qualquer outro, exceto pelo fato de que você não é um cara como qualquer outro.
O gosto do gelo e dos chicletes de hortelã.
A música, minha ousadia,
a ausência dela,
o meu não ligar pra noite, o futuro e a história.
Às vezes, eu acho que acabou.
E aí não acabou, aí tudo volta jorrando pelos cantos, escorrendo, me molhando toda.
Só que,
dessa vez,
eu não sei se volta.
Esperemos.
Foi o meu cabelo.
O jeito como o tecido azul tocava minhas pernas, ou o jeito como eu sussurrei o nome do meu espírito animal no banheiro escuro.
O fato de que o seu pescoço não tem cheiro,
o gosto do maracujá, a bunda redonda de um rapaz que não acho nada bonito.
Foi o álcool correndo no corpo,
o gosto de sorriso na boca,
meu crush no Tyler, a vista linda
Costas nuas, minha unha quebrada no canto.
Sex on the beach,
o gosto de não ficar brava por não ter tempo o bastante, nunca tenho, nunca tive, nunca terei.
E, mesmo assim, eu dou um jeito de me doar pra todo mundo.
Até pra mim.
Foi aquele sorriso incrível que ele me deu a caminho do auditório, o jeito como os olhos dele sorriem.
Aquela sensação de colocar algo no corpo e se sentir bem.
Ter um bad hair day e não ligar pra isso, porque não tem muito o que fazer.
Sair de casa e respirar fundo, pensar "Vai adiantar ficar brava por isso?"
Foi o jeito como ele subiu na arquibancada, fotos polaróides e o fato de que eu sei quem quero ser.
A sensação estranha de urinar quando se está meio bêbada, uma música que me ninou quando eu achei que tivesse crescido.
Foi algo no jeito como você é um cara como qualquer outro, exceto pelo fato de que você não é um cara como qualquer outro.
O gosto do gelo e dos chicletes de hortelã.
A música, minha ousadia,
a ausência dela,
o meu não ligar pra noite, o futuro e a história.
Às vezes, eu acho que acabou.
E aí não acabou, aí tudo volta jorrando pelos cantos, escorrendo, me molhando toda.
Só que,
dessa vez,
eu não sei se volta.
Esperemos.
30x16 Lilac sky
Postado por
garota solteira procura,
Imagem: TingTing Huang
Abri a boca pra perguntar tudo o que eu sempre quis saber,
e a voz não saiu.
Pensei em te ver,
e fui pra casa.
Fui te pedir desculpas,
e joguei fora o papel.
Arrumei um assunto pra conversar contigo,
e me lembrei de que tinha outras pessoas com quem podia falar.
Acordei cedo pra te ver,
e dormi de novo.
Eu sabia que você estaria lá,
e preferi ficar em casa ouvindo música.
Tive tempo pra lavar o cabelo,
mas não ligo se você vai me achar bonita.
Eu queria te torturar ou ser torturada pela visão de você sabe o quê,
mas decidi que me importava bem mais com outras coisas.
Ia escolher a roupa mais sexy do meu guarda-roupa pra você,
mas resolvi escolher a mais confortável pra mim.
Aos poucos, guardei as armas,
guardei as mágoas no fundo da caixa de tudo, do oceano de nós dois,
toda a dor de querer e não querer ao mesmo tempo.
Dor de saber que não dá mais.
Aí hoje,
meus amigos me pegaram, me levaram, queriam o melhor pra mim, queriam outra pessoa pra mim.
E isso me fez perceber:
eu também quero.
Não agora, não amanhã, não um cara que nem me conhece e exige minha atenção - quando eu não dou atenção pra quase nada.
Mas é, eu quero.
Isso me chateia um pouco. Dá uma sensação ruim, bolo na garganta, frio na barriga.
Deito no chão, bagunço os cabelos. e percebo que a gente já deu faz tempo.
Que nem tem mais graça, mais gosto.
E que eu já perdi a textura da sua boca e o a vontade do seu cheiro.
Não sei se isso é aceitar, não sei se é Kübler-Ross Parte 5, se é só a vibe de sexta à noite ouvindo Halsey,
- e eu gosto muito de você -
mas acho que
aconteça o que acontecer - ou o que não acontecer - amanhã,
a gente acabou.
Sem armas, sem mágoas,
sem tortura pra nenhum dos lados.
Tudo bem,
afinal,
purple just wasn't for you.
Mas alguém vai gostar dessa mistura de cores,
alguém real,
sozinho por aí, comprando água no mercado,
parado no ponto de ônibus,
fazendo cálculos no caderno
tocando guitarra
ou lendo livros.
Alguém que está agora pensando em ir ao cinema,
gritando na torcida de um desses jogos - ou jogando, quem sabe -,
assistindo Demolidor ou qualquer coisa,
Comendo bolo ou falando alto,
Stalkeando a crush no facebook haha.
Gosto da ideia de que ele não sabe sobre mim ainda,
de que não sabemos um do outro.
E não, não posso vê-lo dessa vez, mas
não sei se quero.
Deixa vir.
Eu espero, quantas vezes tiver que fazê-lo.
Eu espero.
Abri a boca pra perguntar tudo o que eu sempre quis saber,
e a voz não saiu.
Pensei em te ver,
e fui pra casa.
Fui te pedir desculpas,
e joguei fora o papel.
Arrumei um assunto pra conversar contigo,
e me lembrei de que tinha outras pessoas com quem podia falar.
Acordei cedo pra te ver,
e dormi de novo.
Eu sabia que você estaria lá,
e preferi ficar em casa ouvindo música.
Tive tempo pra lavar o cabelo,
mas não ligo se você vai me achar bonita.
Eu queria te torturar ou ser torturada pela visão de você sabe o quê,
mas decidi que me importava bem mais com outras coisas.
Ia escolher a roupa mais sexy do meu guarda-roupa pra você,
mas resolvi escolher a mais confortável pra mim.
Aos poucos, guardei as armas,
guardei as mágoas no fundo da caixa de tudo, do oceano de nós dois,
toda a dor de querer e não querer ao mesmo tempo.
Dor de saber que não dá mais.
Aí hoje,
meus amigos me pegaram, me levaram, queriam o melhor pra mim, queriam outra pessoa pra mim.
E isso me fez perceber:
eu também quero.
Não agora, não amanhã, não um cara que nem me conhece e exige minha atenção - quando eu não dou atenção pra quase nada.
Mas é, eu quero.
Isso me chateia um pouco. Dá uma sensação ruim, bolo na garganta, frio na barriga.
Deito no chão, bagunço os cabelos. e percebo que a gente já deu faz tempo.
Que nem tem mais graça, mais gosto.
E que eu já perdi a textura da sua boca e o a vontade do seu cheiro.
Não sei se isso é aceitar, não sei se é Kübler-Ross Parte 5, se é só a vibe de sexta à noite ouvindo Halsey,
- e eu gosto muito de você -
mas acho que
aconteça o que acontecer - ou o que não acontecer - amanhã,
a gente acabou.
Sem armas, sem mágoas,
sem tortura pra nenhum dos lados.
Tudo bem,
afinal,
purple just wasn't for you.
Mas alguém vai gostar dessa mistura de cores,
alguém real,
sozinho por aí, comprando água no mercado,
parado no ponto de ônibus,
fazendo cálculos no caderno
tocando guitarra
ou lendo livros.
Alguém que está agora pensando em ir ao cinema,
gritando na torcida de um desses jogos - ou jogando, quem sabe -,
assistindo Demolidor ou qualquer coisa,
Comendo bolo ou falando alto,
Stalkeando a crush no facebook haha.
Gosto da ideia de que ele não sabe sobre mim ainda,
de que não sabemos um do outro.
E não, não posso vê-lo dessa vez, mas
não sei se quero.
Deixa vir.
Eu espero, quantas vezes tiver que fazê-lo.
Eu espero.
Early Cuts: Ambiguidade
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garota solteira procura,
Imagem: TingTing Huang
Mais do mesmo.
Minha boca tem gosto de açúcar e café morno.
Manhã, dia cinza, olho pro seu rosto e só sinto dúvida.
Não consigo sentir seu cheiro.
Digo que tô com medo. Medo de gostar de você, medo de não gostar.
Gosto na boca fica amargo, fico tensa.
Sinto tudo, não sinto nada.
Gosto de você todo dia, mas
tô com medo da sua boca, medo da vida.
Quero férias, ir pra longe, beber até ficar zonza, não pensar em nada. Não quero nada, não quero ninguém.
Desculpe.
Mais do mesmo.
Minha boca tem gosto de açúcar e café morno.
Manhã, dia cinza, olho pro seu rosto e só sinto dúvida.
Não consigo sentir seu cheiro.
Digo que tô com medo. Medo de gostar de você, medo de não gostar.
Gosto na boca fica amargo, fico tensa.
Sinto tudo, não sinto nada.
Gosto de você todo dia, mas
tô com medo da sua boca, medo da vida.
Quero férias, ir pra longe, beber até ficar zonza, não pensar em nada. Não quero nada, não quero ninguém.
Desculpe.
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