30x17 Às vezes, acho que acabou

Imagem: TingTing Huang

Foi o meu cabelo.
O jeito como o tecido azul tocava minhas pernas, ou o jeito como eu sussurrei o nome do meu espírito animal no banheiro escuro.

O fato de que o seu pescoço não tem cheiro,
o gosto do maracujá, a bunda redonda de um rapaz que não acho nada bonito.
Foi o álcool correndo no corpo,
o gosto de sorriso na boca,
meu crush no Tyler, a vista linda
Costas nuas, minha unha quebrada no canto.
Sex on the beach,
o gosto de não ficar brava por não ter tempo o bastante, nunca tenho, nunca tive, nunca terei.
E, mesmo assim, eu dou um jeito de me doar pra todo mundo.
Até pra mim.
Foi aquele sorriso incrível que ele me deu a caminho do auditório, o jeito como os olhos dele sorriem.
Aquela sensação de colocar algo no corpo e se sentir bem.
Ter um bad hair day e não ligar pra isso, porque não tem muito o que fazer.
Sair de casa e respirar fundo, pensar "Vai adiantar ficar brava por isso?"
Foi o jeito como ele subiu na arquibancada, fotos polaróides e o fato de que eu sei quem quero ser.
A sensação estranha de urinar quando se está meio bêbada, uma música que me ninou quando eu achei que tivesse crescido.
Foi algo no jeito como você é um cara como qualquer outro, exceto pelo fato de que você não é um cara como qualquer outro.
O gosto do gelo e dos chicletes de hortelã.
A música, minha ousadia,
a ausência dela,
o meu não ligar pra noite, o futuro e a história.

Às vezes, eu acho que acabou.
E aí não acabou, aí tudo volta jorrando pelos cantos, escorrendo, me molhando toda.

Só que,
dessa vez,
eu não sei se volta.

Esperemos.

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