Imagem: TingTing Huang
Abro as cartas, uma a uma, leio o seu nome, me assusto, mas continuo.
Tenho medo. Medo da coisa, medo do medo, medo do que quer que aconteça nas manhãs de setembro.
Eu tenho medo de não saber, de não ter dinheiro, do quarto vazio, dos escorpiões que saem do ralo e do amor.
Danço nua, no escuro, faço preces, mas meu futuro é incerto, as cartas me confundem, o som do mundo me canta canções divergentes e eu só não sei.
Sento no chão do apartamento sob a não luz de um eclipse e não choro, meu corpo rejeita as lágrimas, repele o fracasso e me corta e empurra pra que eu me levante e ande, e eu cambaleio até o banheiro, vômito preto cobre o chão e os meus pés, suja as paredes e as portas dos meus mundos.
Eu tô assustada e me escondo na curva do pescoço do homem que eu amo, e não durmo, não durmo e nem aceito que o tempo passe e que a vida continue lá fora, que ele vá embora, que o futuro se descortine de maneira imprevisível.
A coisa do medo, o medo da coisa é que me coloca próxima de quem eu era antes, de quem eu não quero mais ser, e ela me sussurra palavras que não compreendo, que não quero compreender, que não posso mais compreender, mas que eu tenho medo de voltar a compreender, então eu me afasto de você por medo de me afastar de você.
Loucura, é.
Eu sei.
Agora, eu sei.
Não pretendo cometer os mesmos erros.
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