Imagem: TingTing Huang
"Você vai morrer em breve", ela me diz, olhando as linhas da minha mão.
- Que bom, eu respondo.
Ela treme, mas não esboça expressão.
É o fim do mundo, lá fora. Ou pode ser, ou espero que seja.
E eu, Macabéa, saio feliz com a profecia, que eu preciso que se realize.
Vou pra casa, organizar minha mala, deixar meus bilhetes.
No caminho, compro um sorvete de menta.
Mas não tomo.
E se eu tomar? E morrer engasgada?
Me assusto.
Respiro.
Tomo o sorvete. Uma colherada de cada vez.
No caminho de casa, atravesso na faixa de pedestres, um carro para quase em cima de mim.
Homem estúpido! Não vê que estou atravessando?
Escurece e eu ando cada vez mais depressa.
Atrás de mim, ouço passos que quase me alcançam, meu corpo todo se arrepia e eu tremo, e penso em correr, ao mesmo tempo em que paraliso.
Ele me alcança, e é agora, eu sei que é, me viro, em pânico e
É uma mulher e ela passa por mim, depressa, e segue seu caminho na direção de um futuro que,
felizmente,
não existe pra mim.