4x03 Caught by the river


Olhos, cabelos (finalmente os cabelos certos!), ossos e ruídos.
Como se descobre algo que já se sabia?
Sentada à margem do meu rio vida, é no que penso.
Estou seca, finalmente parece que deixei de me afogar nos meus sentimentos.
Estivemos mergulhados no silêncio de nossas próprias existências, eu e ele, sem que fôssemos atrapalhados por ruído algum que não fosse o correr da água e o barulho das pedrinhas que ele atira em sua superfície.
"Ei, Olhos Verdes, aposto que acerto mais longe que você"
Ele não diz nada, espera.
Eu consigo jogar longe, mas a superfície da água não muda.
Ainda estou tentando quando avistamos. Há uma mancha na água. Ondas de cor púrpura se espalham lentamente pela superfície outrora incolor.
"Venha, Olhos Verdes, vamos brincar", eu chamo.
Ele me olha assustado, não quer vir.
Eu o puxo, molho meus pés na água, como quem diz 'vê? é só água'
Ele entra na água, meu pequeno Olhos Verdes e afunda até que eu só consigo enxergar dele uns dedos, uns pedaços de dedos.
"Não, Olhos Verdes, não afunde, é só água" mas ele não pode ouvir.
Eu seguro aqueles pedaços de dedos com tanta força, estou me segurando também.
Puxo-lhe a mão e a aperto, esperando um sinal de vida.
Olhos Verdes não aperta de volta, ele nunca esteve vivo, eu me esqueço.
Mas eu fico ali, segurando, esperando estupidamente.
Nem percebo que estou mergulhada até os joelhos nessa água.
Eu estou tentando salvá-lo, Olhos Verdes, mas quem está tentando me salvar?

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