Imagem: fabbriciuse
"Do they collide?" I ask and you smile
Ele olhou pra mim e não consegui desviar o olhar. Mesmo sabendo que eu estava feia, suja, descabelada, desmaquiada... Eu não pude.
Meu cérebro esqueceu de todas as outras funções, fiquei sem ar, as compras foram escorregando dos braços, os olhos congelaram naquela imagem dele. As pernas ficando moles e o pulso acelerando, a boca secando, os ruídos esmorecendo.
Eu fiquei com tanto medo de mim mesma, um medo meio engraçado, meio triste.
Corri de lá na chuva, assustada com a minha incapacidade de reagir à presença daqueles olhos.
Isso foi ontem.
Já hoje, acordei tarde - meu corpo tem misteriosas maneiras de me fazer obedecê-lo e dormir além da conta -, mas nem tão tarde: não suportava a ideia de vê-lo.
A uns 7 passos do ponto, meu ônibus passou, sem parar. Ai de mim. Rezei pra que outro viesse, rezei pra que a meia hora que nos separava se estendesse, rezei...
E, lá longe, ele vinha. "Não é ele", com sua camiseta preta, "Não é", mas eu nem precisava enxergá-lo pra saber. Já o sei de cor.
Um ônibus vinha, torci pra que fosse o meu: era. Subi com tanto desespero que tropecei nos degraus. Ele nem viu.
Quero distância dele, de seus olhos e roupas bem passadas. Quero estar perto dele, sentar junto dele, tocar-lhe casualmente.
Novamente, transformar seres humanos em literatura me causa esses tais calafrios. Esses tais, que chamam paixão.
11x05 Large Hadron Collider
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