Imagem: jah~
Você vê os vultos, essa é sua casa agora, construa-se aqui.
Entre, suba as escadas, deite-se na cama (era uma orfã com uma muda de roupas e uma boneca). "Eu não sou orfã", mas já não era mais eu. Talvez a resposta estivesse nas luzes, nas garotas (Ulrika era uma delas? Ulrika era?), na minha boca escura, nas suas mãos verdes.
"Nas pedras não, minhas costas doem e eu me sinto suja", pensei. Mas não haviam pedras, era eu e eu e eu e eu e eu e eu e eu no meio de pessoas que não eram eu, que não sabiam que eram eu.
Fiquei incerta sobre o ser e não conseguia encontrar o quem eu era.
Ele.
Fechei os olhos e caminhei sobre os trilhos e ele me beijou repetidas vezes, sem saber que me beijava, sem saber que beijava a si mesmo, com gosto de bebida e suor.
Corri pra ele, na esperança de que me curasse: queria parar de fluir, de escorrer. Solidez.
Fui toda suas pernas, acorrentada à sua pélvis, fui tão você que, quando você olhou pra mim, era pra mim que eu olhava.Mas não era você quem eu queria, porque eu já te tinha inteiro. Você não entendeu, talvez pensasse que você estava me derretendo - não podia saber que eu me derretia assim, sem razão.
Tive que deixar você ir porque não se pode explicar essa doença: as palavras limitam a beleza e a dor de escorrer.
Não demorou muito, me ofereceu o mesmo.
- De novo? - perguntei.
Você entendeu, enfim. Deu-me um sorriso, um passo,
um beijo.
(A música nos átomos resulta do amor e da fé. É que, às vezes, só estamos, sem ser - disformes - porque somos demais sendo nada: surdos.)
11x19 Underworld
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