Imagem: dev null
Acho que ele sabe, inconscientemente. As pessoas sabem. Não importa quão cedo eu acorde, quão tarde: ele vai estar lá.
Estive com medo dele (pra variar), medo de já não gostar mais tanto assim. Nos últimos dias só quis ver 3 pessoas - não vi nenhuma delas - e Otto não era uma delas.
Fiquei com medo de não sentir mais aquilo, de que ele tivesse se tornado mais um nome em um caderno azul - McCandless, Ian, James, Andrew, Miguel, Percy. Aí fiquei adiando. Acordei ora cedo demais, ora tarde demais.
Cedo demais, hoje. O ônibus levou 40 minutos pra chegarm eu já alerta, esperando que ele chegasse a qualquer momento. Fiquei insegura, vestida de Gaia, tênis, trança descabelada. Apertei meu livro, cantei meu mantra - Dex & Em, Em & Dex -, me senti mais segura.
E o vi, de longe, -ele me viu?- as pernas querendo correr pra ele e dele.Fiquei com medo de não conseguir controlá-las.
Pensei "lá vamos nós de novo". separados por uma barreira de pedra e outra da minha covardia. Mas ele veio pra perto de mim, passou tão perto que eu pude respirá-lo, eu quis pausar aquele segundo. Quis rir também, boba, mordi a língua e me mantive séria.
Por dentro, meu estômago apertava borboletas.
Ele cheirava bem, folhas e primavera, como tinha que ser, como eu sabia que seria.
Ele tossiu e eu o amei mais ainda (mas que boba eu sou), porque soube do tom da sua voz.
Uma senhora me disse algo, não entendi nada, mas sorri. Sorri um sorriso grande, sincero, que eu queria sorrir pra ele, e não podia.
Sorri pra senhora, sorri pro ônibus lotado, pras pessoas de pé.
Acho que ainda tenho muito, muito que gostar dele...
11x24 The Gold and the Glamour
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