Imagem: vissago
Quando Berenice fez as vezes de Ulrika, segurando minhas mãos e minha mente, de um jeito diferente daquele ao qual tinha me habituado, pensei que fosse amor.
Pensei que, talvez, eu fosse diferente feito Ulrika. Era feio, sim, mas poético. Era poético gostar das costas de June, do jeito como brigávamos e ela chorava de raiva da minha distância e me ofendia.
Era poético gostar da magreza de Julia/Giulia, sua loirice e suas sardas. De sua esperteza e de seu nariz gelado.
E depois Skye, um pouco mais vulgar, mais maternal, mais doce, mais compreensiva quanto à minha fobia.
Mas era poesia, e amor não é só isso. Era curiosidade, talvez vontade de ver até onde, até uando. Era saudade de Ulrika, das suas expressões significativas, dos mal entendidos.
Não com ela. Tenho consciência plena de amar Otto e Otto só. Mas é amor isso, é amor diferente de Berenice, de June, de Giulia, de Skye. Talvez se pareça com o que sentia por Ulrika, um respeito, uma dor. Sempre sinto que me falta tato, que me falta tempo, que me falta desenvoltura. Falta maturidade.
Sinto medo dela e por ela, tanto medo.
Ela roça o braço no meu enquanto conversamos e eu me afasto. "Tá tudo bem", seus olhos dizem.
Se os meus olhos fossem tão elequentes quanto os dela, diriam a verdade, diriam que eu só beiro esse "anormal", sem jamais cruzar a linha.
Meus olhos diriam que nunca vai ficar tudo bem.
Não da maneira que ela quer.
11x25 Fake Plastic Love
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