Imagem: TingTing Huang
James me disse "falta alguma coisa".
Mas falta o quê?
Falta poesia, falta o coração bater mais forte e a vontade de ficar junto, falta ter algo em comum, falta querer ficar até mais tarde sem fazer nada, falta paixão, falta vontade de matar aula, falta chegar em casa e escrever sobre amor, falta ouvir músicas de amor e pensar no seu nome primeiro, falta te colocar como primeira opção, falta querer ser amada, falta imaginar seu rosto nos protagonistas dos livros, falta aquela coisa que deixa as pernas bambas, borboletas no estômago, falta deixar de querer que você se sinta bem a qualquer preço.
Entre outras coisas,
Mas disso você já sabia, porque é o que venho dizendo desde o começo.
Aquilo era tudo o que eu tinha pra oferecer.
Boa sorte.
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garota solteira procura,
Imagem: TingTing Huang
"Eu não sei como consertar,
nem se tem conserto".
Aperto enviar.
Acho que tenho dito essa frase quase que automaticamente nos últimos anos.
Eu me lembro do dia anterior à sua grande viagem. Suas malas estavam todas prontas, armários vazios, paredes nuas, tudo vazio e você indo embora, pra deixar minha vida vazia.
Eu me deitei no chão, no tapete azul velho e te perguntei se a gente ia ter conserto.
E você, sentado na ponta da cama, mexendo nas coisas da caixa de velharias que eu tinha trago, disse mais ou menos isso -e, por favor, volte e me corrija se for mentira-:
- Se você precisar tanto assim consertar, então não é pra gente ficar junto. Não dá pra se amar tapando buraco, Bels. Eu não quero te capturar num momento só e saber tudo o que há pra saber, ou mudar sua mania irritante de deixar um vazio entre as frases que não tem tradução pro meu idioma. Eu não quero nada diferente disso, mas eu me adaptaria. Sem conserto. Amor não precisa de conserto, de mudança. Amor precisa de adaptação. Eu não quero voltar e ficar com outra pessoa. Eu quero voltar e ficar com você. Crescida, sabe-tudo, mais violenta, mais experiente, talvez menos descabelada, mais adulta, mais ou menos tudo isso. Você. Adaptada pelo tempo e pela distância entre nós dois, pelo medo de não ter mais certeza, que eu sei que vai chegar daqui a uns meses.
Não é pra me esperar sentada, não é pra fingir que está tudo bem, não é pra nunca mais amar ninguém.
Vai doer. Já dói pensar que você vai olhar pra alguém assim, que você pode até nunca mais me olhar assim de novo. Eu só quero te pedir pra nunca mais sair de casa ou pra pensar só em mim todos os dias, até que eu volte.
Mas eu quero ver o que o tempo vai fazer com você. Com a gente.
Nada nunca nunca nunca nunca teria me preparado pra te ver puxando a mala na minha direção, pro braço mais gostoso do mundo, pra essa saudade contida de quantos milhões de anos, pra essa tarde só antes de você ir ver sua família "um dia antes, pra te ver". Biscoitos de chocolate, sua mão na minha, minha histeria e você dizendo "Relaxa, sou só eu", mas não era, não depois de todos esses anos, não com aquela confusão toda na minha cabeça. "Me conta", você disse, enquanto eu me escondia atrás da minha caneca gigante de chá de capim cidreira, e eu balancei a cabeça "Hoje não, só hoje não". Porque eu queria você, cada segundo antes que você sumisse de novo, nesses lugares de nome complicado, eu queria te perguntar o que aconteceu com seu cabelo, que roupas são essas, eu queria tomar sorvete, quero te mostrar meus lugares favoritos e tomar milkshake de morango, queria te deixar quieto, não te deixar quieto, te mostrar o que estava lendo, te levar pra tomar café, pra comer hambúrguer, como se você não fizesse essas coisas todos os dias. Eu queria te levar por aí, feliz e assustada, apavorada. Com medo de que a gente acabasse precisando de conserto também.
Não falamos de amor, você disse "me escreve" pro meu pescoço e eu disse "Tá", mas a gente sabe que não vou e nem você, que é só isso, aqui e agora, talvez nunca mais, e vamos voltar pras nossas vidas onde o outro não existe. Você encostou a boca na minha de leve, "até logo", e foi andando na direção do portão
E eu já comecei a sentir saudade, a pensar "Tudo bem, vai ficar tudo bem de novo"
Você voltou, largando mala e tudo, "Só queria sentir seu cheiro de novo", me fazendo dar risada pra encobrir aquele medo, aquela coisa crescendo "Cê acha que a gente tem conserto?", perguntei, sem perguntar.
e você, depois de todos esses anos, traduziu meu dialeto de vazios da melhor forma possível, me apertou com força
"Ainda é você. Sempre vai ser"
:) é bom saber.
"Eu não sei como consertar,
nem se tem conserto".
Aperto enviar.
Acho que tenho dito essa frase quase que automaticamente nos últimos anos.
Eu me lembro do dia anterior à sua grande viagem. Suas malas estavam todas prontas, armários vazios, paredes nuas, tudo vazio e você indo embora, pra deixar minha vida vazia.
Eu me deitei no chão, no tapete azul velho e te perguntei se a gente ia ter conserto.
E você, sentado na ponta da cama, mexendo nas coisas da caixa de velharias que eu tinha trago, disse mais ou menos isso -e, por favor, volte e me corrija se for mentira-:
- Se você precisar tanto assim consertar, então não é pra gente ficar junto. Não dá pra se amar tapando buraco, Bels. Eu não quero te capturar num momento só e saber tudo o que há pra saber, ou mudar sua mania irritante de deixar um vazio entre as frases que não tem tradução pro meu idioma. Eu não quero nada diferente disso, mas eu me adaptaria. Sem conserto. Amor não precisa de conserto, de mudança. Amor precisa de adaptação. Eu não quero voltar e ficar com outra pessoa. Eu quero voltar e ficar com você. Crescida, sabe-tudo, mais violenta, mais experiente, talvez menos descabelada, mais adulta, mais ou menos tudo isso. Você. Adaptada pelo tempo e pela distância entre nós dois, pelo medo de não ter mais certeza, que eu sei que vai chegar daqui a uns meses.
Não é pra me esperar sentada, não é pra fingir que está tudo bem, não é pra nunca mais amar ninguém.
Vai doer. Já dói pensar que você vai olhar pra alguém assim, que você pode até nunca mais me olhar assim de novo. Eu só quero te pedir pra nunca mais sair de casa ou pra pensar só em mim todos os dias, até que eu volte.
Mas eu quero ver o que o tempo vai fazer com você. Com a gente.
Nada nunca nunca nunca nunca teria me preparado pra te ver puxando a mala na minha direção, pro braço mais gostoso do mundo, pra essa saudade contida de quantos milhões de anos, pra essa tarde só antes de você ir ver sua família "um dia antes, pra te ver". Biscoitos de chocolate, sua mão na minha, minha histeria e você dizendo "Relaxa, sou só eu", mas não era, não depois de todos esses anos, não com aquela confusão toda na minha cabeça. "Me conta", você disse, enquanto eu me escondia atrás da minha caneca gigante de chá de capim cidreira, e eu balancei a cabeça "Hoje não, só hoje não". Porque eu queria você, cada segundo antes que você sumisse de novo, nesses lugares de nome complicado, eu queria te perguntar o que aconteceu com seu cabelo, que roupas são essas, eu queria tomar sorvete, quero te mostrar meus lugares favoritos e tomar milkshake de morango, queria te deixar quieto, não te deixar quieto, te mostrar o que estava lendo, te levar pra tomar café, pra comer hambúrguer, como se você não fizesse essas coisas todos os dias. Eu queria te levar por aí, feliz e assustada, apavorada. Com medo de que a gente acabasse precisando de conserto também.
Não falamos de amor, você disse "me escreve" pro meu pescoço e eu disse "Tá", mas a gente sabe que não vou e nem você, que é só isso, aqui e agora, talvez nunca mais, e vamos voltar pras nossas vidas onde o outro não existe. Você encostou a boca na minha de leve, "até logo", e foi andando na direção do portão
E eu já comecei a sentir saudade, a pensar "Tudo bem, vai ficar tudo bem de novo"
Você voltou, largando mala e tudo, "Só queria sentir seu cheiro de novo", me fazendo dar risada pra encobrir aquele medo, aquela coisa crescendo "Cê acha que a gente tem conserto?", perguntei, sem perguntar.
e você, depois de todos esses anos, traduziu meu dialeto de vazios da melhor forma possível, me apertou com força
"Ainda é você. Sempre vai ser"
:) é bom saber.
28x15 Mimi-Rose Howard
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garota solteira procura,
Imagem: TingTing Huang
Acordei assustada, talvez nem tenha dormido, sentia essa dor pelo corpo todo, esse peso nos ombros, gigantesco, que o verso de nenhuma música aliviava. Nó na garganta, eu no sofá com pavor de levantar e acender as luzes.
Depois de meses caminhando no meio-fio, entre conselhos dOsGênios, aquele gosto de vinho barato e depois sono, entre soundtracks confusas, mensagens desconexas, entre as noites que passei desejando que alguma coisa viesse e levasse tudo embora (alguém, que alguém viesse), entre toda aquela dor que não é física (mas também não pode não ser física), aqueles acessos de raiva, minhas amigas explodindo e todo mundo levando a vida como se a vida fosse algo que se pudesse levar adiante, enquanto eu sentia cada vez mais que tinha perdido a capacidade de enxergar cores, de sentir gostos, de ter gostos, de escrever, de sentir qualquer emoção simples;
Depois de meses pensando, considerando, rebobinando, reescrevendo, consertando, apagando, pintando por cima, demolindo, experimentando, pausando, rasgando e colando;
Sem conseguir saber quem eu era, sem saber pra onde ir e o que esperar, mudando de todos os jeitos possíveis e inimagináveis, gritando e rasgando pra me recuperar, pra não me perder de vez, sem Otto dessa vez pra juntar os pedaços soltos e me ensinar a levantar e brigar;
Totalmente perdida, sem saber pra quem correr, pra quem ligar quando tudo dava errado;
Acordei com essa sensação horrível de perda, de vergonha, de estupidez, de tempo perdido, de estar confusa demais, de ter que parar de esperar sempre o próximo e depois o próximo e depois o próximo
E eu gostaria de dizer, Mimi-Rose, que foi aí
que foi nesse momento que a cena acabou, o momento em que você me ofereceu o que eu desejei pros grandes gênios das horas por todos os últimos meses, o momento em que eu dei as costas pra sua estupidez, o momento em que a câmera mostra minhas costas indo embora entre ultrajadas e desejosas;
Aquele último momento em que eu ainda não sei.
Talvez tenha sido, e só agora eu percebi.
A luz se apagou, Mimi-Rose.
E, o que quer que você faça daqui pra frente, bom,
I don't fucking care.
(:
Acordei assustada, talvez nem tenha dormido, sentia essa dor pelo corpo todo, esse peso nos ombros, gigantesco, que o verso de nenhuma música aliviava. Nó na garganta, eu no sofá com pavor de levantar e acender as luzes.
Depois de meses caminhando no meio-fio, entre conselhos dOsGênios, aquele gosto de vinho barato e depois sono, entre soundtracks confusas, mensagens desconexas, entre as noites que passei desejando que alguma coisa viesse e levasse tudo embora (alguém, que alguém viesse), entre toda aquela dor que não é física (mas também não pode não ser física), aqueles acessos de raiva, minhas amigas explodindo e todo mundo levando a vida como se a vida fosse algo que se pudesse levar adiante, enquanto eu sentia cada vez mais que tinha perdido a capacidade de enxergar cores, de sentir gostos, de ter gostos, de escrever, de sentir qualquer emoção simples;
Depois de meses pensando, considerando, rebobinando, reescrevendo, consertando, apagando, pintando por cima, demolindo, experimentando, pausando, rasgando e colando;
Sem conseguir saber quem eu era, sem saber pra onde ir e o que esperar, mudando de todos os jeitos possíveis e inimagináveis, gritando e rasgando pra me recuperar, pra não me perder de vez, sem Otto dessa vez pra juntar os pedaços soltos e me ensinar a levantar e brigar;
Totalmente perdida, sem saber pra quem correr, pra quem ligar quando tudo dava errado;
Acordei com essa sensação horrível de perda, de vergonha, de estupidez, de tempo perdido, de estar confusa demais, de ter que parar de esperar sempre o próximo e depois o próximo e depois o próximo
E eu gostaria de dizer, Mimi-Rose, que foi aí
que foi nesse momento que a cena acabou, o momento em que você me ofereceu o que eu desejei pros grandes gênios das horas por todos os últimos meses, o momento em que eu dei as costas pra sua estupidez, o momento em que a câmera mostra minhas costas indo embora entre ultrajadas e desejosas;
Aquele último momento em que eu ainda não sei.
Talvez tenha sido, e só agora eu percebi.
A luz se apagou, Mimi-Rose.
E, o que quer que você faça daqui pra frente, bom,
I don't fucking care.
(:
28x14 Safe to shore
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Imagem: TingTing Huang
Eu me apaixonei, pela primeira vez, aos 7 anos.
Eu olhei nos olhos dele, apertados, e pr'aqueles chinelos do Senninha haha.
Eu sobrevivi à dor da primeira carta de amor que escrevi ser descoberta e reprimida, à dor das palavras que nunca chegam ao destinatário.
E aí ele apareceu. Mas ele não cabe aqui, porque esse eu não pretendo superar. Pro bem ou pro mal.
Me apaixonei aos 9 e gastei minha primeira mesada comprando pra ele um jogo de futebol de botão.
Me apaixonei aos 11. E sobrevivi à terrível tarefa de ser a melhor amiga, garota de recados. De saber sobre cada beijo, cada sentimento. E de chorar sozinha em casa, sem ter um melhor amigo equivalente.
Aos 15, minha primeira declaração de amor oficial foi rejeitada com silêncio puro e simples. "Ele não queria te constranger". Obrigada, obrigada mil vezes! Minhas sextas-feiras não seriam as mesmas sem você. Eu te amo, mil vezes mais.
16, logo após meu primeiro beijo, eu soube que estava pronta pra você, eu soube na primeira vez que nos abraçamos, desde o primeiro sorvete na praça de alimentação, soube quando te vi no museu, sentado, me esperando. Eu soube, pelas nossas conversas malucas que eu pretendo revisitar um dia, soube pelo quanto seus cabelos eram escuros e bagunçados, soube desde o nosso primeiro beijo, soube desde a nossa primeira briga, ou quando menti pra te encontrar, ou quando você me levou embora pela mão: soube que te amava. E soube que você era um babaca. Mesmo assim, obrigada.
17-18. Uau. Tô tentando escrever sobre você. E não sai nada. Não quero te resumir em um parágrafo. Eu estava em pedaços. Juntando meus pedaços, tudo o que McCandless tinha deixado, me recuperando desse mesmo limbo de agora. Sobrevivendo. E você estava, sei lá, vivendo sua vida, parado na rua, à espera. Consigo imaginar o momento em que eu descobri que te amava ao som de Moon River, que loucura. Eu te amei de uma maneira tão verdadeira e tão estúpida. Tão estúpida e doentia. Obrigada por ficar. Obrigada por tudo.
21. Ei. Cedo demais, talvez, pra dizer que cheguei segura. Mas acho que cheguei ou estou quase lá. Enfim. 21, e eu não consegui sobreviver à mim mesma, mas tenho boas lembranças, mais uma playlist pra evitar por um tempo. Acho que sobrevivi à fase de auto-recriminação, de me sentir menor ou incapaz de muitas coisas. Infelizmente, acabei buscando por aí a resposta pra muitas dúvidas, e magoei ou estou prestes a magoar algumas pessoas. Mas sobrevivi.
22. Cat Power na playlist, devaneios enquanto lavo louça e antes de dormir, conversas de madrugada, as pessoas sabem seu nome porque não falo de outra coisa. Comprei um vestido novo. Limpo, sem história pra contar.
Ainda não quero me magoar.
Mas, uma pequena pequeniníssima parte de mim acredita que tudo bem,
Eu vou sobreviver.
Eu me apaixonei, pela primeira vez, aos 7 anos.
Eu olhei nos olhos dele, apertados, e pr'aqueles chinelos do Senninha haha.
Eu sobrevivi à dor da primeira carta de amor que escrevi ser descoberta e reprimida, à dor das palavras que nunca chegam ao destinatário.
E aí ele apareceu. Mas ele não cabe aqui, porque esse eu não pretendo superar. Pro bem ou pro mal.
Me apaixonei aos 9 e gastei minha primeira mesada comprando pra ele um jogo de futebol de botão.
Me apaixonei aos 11. E sobrevivi à terrível tarefa de ser a melhor amiga, garota de recados. De saber sobre cada beijo, cada sentimento. E de chorar sozinha em casa, sem ter um melhor amigo equivalente.
Aos 15, minha primeira declaração de amor oficial foi rejeitada com silêncio puro e simples. "Ele não queria te constranger". Obrigada, obrigada mil vezes! Minhas sextas-feiras não seriam as mesmas sem você. Eu te amo, mil vezes mais.
16, logo após meu primeiro beijo, eu soube que estava pronta pra você, eu soube na primeira vez que nos abraçamos, desde o primeiro sorvete na praça de alimentação, soube quando te vi no museu, sentado, me esperando. Eu soube, pelas nossas conversas malucas que eu pretendo revisitar um dia, soube pelo quanto seus cabelos eram escuros e bagunçados, soube desde o nosso primeiro beijo, soube desde a nossa primeira briga, ou quando menti pra te encontrar, ou quando você me levou embora pela mão: soube que te amava. E soube que você era um babaca. Mesmo assim, obrigada.
17-18. Uau. Tô tentando escrever sobre você. E não sai nada. Não quero te resumir em um parágrafo. Eu estava em pedaços. Juntando meus pedaços, tudo o que McCandless tinha deixado, me recuperando desse mesmo limbo de agora. Sobrevivendo. E você estava, sei lá, vivendo sua vida, parado na rua, à espera. Consigo imaginar o momento em que eu descobri que te amava ao som de Moon River, que loucura. Eu te amei de uma maneira tão verdadeira e tão estúpida. Tão estúpida e doentia. Obrigada por ficar. Obrigada por tudo.
21. Ei. Cedo demais, talvez, pra dizer que cheguei segura. Mas acho que cheguei ou estou quase lá. Enfim. 21, e eu não consegui sobreviver à mim mesma, mas tenho boas lembranças, mais uma playlist pra evitar por um tempo. Acho que sobrevivi à fase de auto-recriminação, de me sentir menor ou incapaz de muitas coisas. Infelizmente, acabei buscando por aí a resposta pra muitas dúvidas, e magoei ou estou prestes a magoar algumas pessoas. Mas sobrevivi.
22. Cat Power na playlist, devaneios enquanto lavo louça e antes de dormir, conversas de madrugada, as pessoas sabem seu nome porque não falo de outra coisa. Comprei um vestido novo. Limpo, sem história pra contar.
Ainda não quero me magoar.
Mas, uma pequena pequeniníssima parte de mim acredita que tudo bem,
Eu vou sobreviver.
28x13 Feel Good Inc.
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Imagem: TingTing Huang
- Natal é uma bela bosta,
digo a ela.
Tô cansada.
Tô triste.
O Natal vai levar a melhor, de novo, aquela solidão que não sai, que não desgruda, que parece uma criança pesada demais te subindo nas costas o tempo todo, gritando nos ouvidos, pedindo atenção.
Deito no sofá e fecho os olhos, um cover de Hotline Bling vindo leve, invadindo o corpo todo como só a música pode fazer, me deixando vulnerável como ninguém nunca fez, como ninguém nunca vai ser capaz de deixar.
Ando entediada.
Tanto pra fazer, tanto pra escolher, e eu não dou a mínima.
Bagunço os cabelos, hábito recente, de que gosto muito. e fico assim, quieta.
Outro dia, me disseram "Eu gosto muito, muito mesmo de você".
Outro dia, me olharam de um jeito que eu nem achei que fosse mais possível, tão bom, tão ruim, deu medo, deu um milhão de calafrios.
Me disseram que esperavam muito de mim.
Tenho deixado pessoas a espera. É uma sensação nova. Incômoda, pesada.
No entanto, não quero fazer nada.
Não quero apressar nada, não quero magoar ninguém.
Eu não quero mais ter que pedir desculpas.
Quero só usar maquiagem pesada e sair por aí com minhas roupas repelentes de homens haha, dançar até parar de sentir esse tédio, essa coisa que não sai - blasé is back, diria Elspeth - , beijar quem quer que precise de beijos meus e não me preocupar mais com o que outras pessoas querem, ou pensam, ou sentem.
- Não tô gostando, não trabalho mais com isso. Trabalho com desculpas e horários que nos impossibilitem de nos ver, com ficar sozinha em casa quando você está disponível, com saídas rápidas do carro quando o ambiente é extremamente propício pra primeiros beijos, com aquele tremor na voz quando não sei exatamente o que você está pensando, com passar o dia inteiro pensando sobre nós dois e, quando a hora de te ver chega, eu só quero sair correndo de volta pra baixo das cobertas pra não dizer nada estúpido e, ao mesmo tempo, quero ficar porque você me faz bem.
Você me dá vontade, um pouco só.
Não é o suficiente, por enquanto.
- Natal é uma bela bosta,
digo a ela.
Tô cansada.
Tô triste.
O Natal vai levar a melhor, de novo, aquela solidão que não sai, que não desgruda, que parece uma criança pesada demais te subindo nas costas o tempo todo, gritando nos ouvidos, pedindo atenção.
Deito no sofá e fecho os olhos, um cover de Hotline Bling vindo leve, invadindo o corpo todo como só a música pode fazer, me deixando vulnerável como ninguém nunca fez, como ninguém nunca vai ser capaz de deixar.
Ando entediada.
Tanto pra fazer, tanto pra escolher, e eu não dou a mínima.
Bagunço os cabelos, hábito recente, de que gosto muito. e fico assim, quieta.
Outro dia, me disseram "Eu gosto muito, muito mesmo de você".
Outro dia, me olharam de um jeito que eu nem achei que fosse mais possível, tão bom, tão ruim, deu medo, deu um milhão de calafrios.
Me disseram que esperavam muito de mim.
Tenho deixado pessoas a espera. É uma sensação nova. Incômoda, pesada.
No entanto, não quero fazer nada.
Não quero apressar nada, não quero magoar ninguém.
Eu não quero mais ter que pedir desculpas.
Quero só usar maquiagem pesada e sair por aí com minhas roupas repelentes de homens haha, dançar até parar de sentir esse tédio, essa coisa que não sai - blasé is back, diria Elspeth - , beijar quem quer que precise de beijos meus e não me preocupar mais com o que outras pessoas querem, ou pensam, ou sentem.
- Não tô gostando, não trabalho mais com isso. Trabalho com desculpas e horários que nos impossibilitem de nos ver, com ficar sozinha em casa quando você está disponível, com saídas rápidas do carro quando o ambiente é extremamente propício pra primeiros beijos, com aquele tremor na voz quando não sei exatamente o que você está pensando, com passar o dia inteiro pensando sobre nós dois e, quando a hora de te ver chega, eu só quero sair correndo de volta pra baixo das cobertas pra não dizer nada estúpido e, ao mesmo tempo, quero ficar porque você me faz bem.
Você me dá vontade, um pouco só.
Não é o suficiente, por enquanto.
28x12 Spotless Mind
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Imagem: TingTing Huang
Quando deixei de sair com McCandless, lembro de ter um devaneio recorrente no qual eu perdia a memória. Esse devaneio me acalmava, me fazia sentir melhor.
Hoje, acho graça.
Mas entendo.
E hoje, só hoje, queria dar esse devaneio de presente pra alguém.
Lá vai.
Queria apagar sua memória. Deita aqui, meu bem, vou curar a sua dor.
Me dá sua boca. Feito um dOs Gênios, vou soprar esquecimento.
Vem, acabou.
Acabou a memória, a inteligência. Vamos ser só isso.
Sem palavras novas.
Sem mais significados.
Use o que você tem, use o que você sabe.
'Vem'. Eu te dou um pouco do que eu tenho. Não é muito.
Feche os olhos, eu vou te dar lembranças novas. Vou te fazer rir.
Eu sei rir, eu ainda sei rir, e você também sabe.
Dá aqui a mão, eu sei que é estranho, mas melhora.
Eu juro que melhora, que um dia você acorda e a dor nem faz sentido. E mesmo quando ainda dói, o que dói é ter que se redescobrir, é o esforço de ter que ser você mesmo.
Vem cá, eu também não quero ficar só.
Então a gente pode sim ficar acordado até quando for necessário, e esquecer aos poucos, e ir apagando aos poucos, e se curando aos poucos.
Deixa. Deixa.
O que a gente vai fazer daqui pra frente é que importa.
Onde é que você quer se sentar? Sabe como é, eu não gosto de escolher. (:
Quando deixei de sair com McCandless, lembro de ter um devaneio recorrente no qual eu perdia a memória. Esse devaneio me acalmava, me fazia sentir melhor.
Hoje, acho graça.
Mas entendo.
E hoje, só hoje, queria dar esse devaneio de presente pra alguém.
Lá vai.
Queria apagar sua memória. Deita aqui, meu bem, vou curar a sua dor.
Me dá sua boca. Feito um dOs Gênios, vou soprar esquecimento.
Vem, acabou.
Acabou a memória, a inteligência. Vamos ser só isso.
Sem palavras novas.
Sem mais significados.
Use o que você tem, use o que você sabe.
'Vem'. Eu te dou um pouco do que eu tenho. Não é muito.
Feche os olhos, eu vou te dar lembranças novas. Vou te fazer rir.
Eu sei rir, eu ainda sei rir, e você também sabe.
Dá aqui a mão, eu sei que é estranho, mas melhora.
Eu juro que melhora, que um dia você acorda e a dor nem faz sentido. E mesmo quando ainda dói, o que dói é ter que se redescobrir, é o esforço de ter que ser você mesmo.
Vem cá, eu também não quero ficar só.
Então a gente pode sim ficar acordado até quando for necessário, e esquecer aos poucos, e ir apagando aos poucos, e se curando aos poucos.
Deixa. Deixa.
O que a gente vai fazer daqui pra frente é que importa.
Onde é que você quer se sentar? Sabe como é, eu não gosto de escolher. (:
28x11 Simon Said
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Imagem: TingTing Huang
Sobre pessoas que nunca dizem e pessoas que só entendem depois de muito tempo. Sobre velhos experimentos e novas paixões (:
Presa num quarto branco, cabelo em chamas, me concentro.
Sem mexer um músculo, mexo sua língua, num beijo que nunca vou dar.
- Eu te amo
Digo, e o som sai da sua boca, engrolado, ininteligível. Sai assim, do nada, te deixando confuso.
Minha cabeça explode, meu nariz sangra, mas eu preciso que você saiba.
Sua mão acaricia seu rosto de leve. Sou eu, sou eu.
Toco seus lábios usando seus polegares, seu queixo.
Sinto dor, tanta dor, mas eu preciso que você saiba.
Quero sua boca, tremo, com o esforço, e você treme junto.
Eu quero falar pela sua boca, saber te possuir sem te tocar. Dói.
Começo devagar.
Mexo meus dedos, seus dedos se movem.
Posso te imaginar olhando pra sua mão, como se um fantasma a estivesse movendo.
Devagar, aproximo a mão do meu rosto. Devagar, bem devagar, pra não te assustar. Devagarinho, tateio seu rosto, sentindo a textura única que ele tem, tão sua, tão minha.
Fecho seus olhos, meu gesto, o gesto do Nicolas Cage que resolvi roubar muito tempo atrás. Espero que você entenda.
Esse é o meu jeito de dizer.
Ouça. Ouça.
Ergo as mãos e as entrelaço, aperto sua mão na minha, esperando que você use a mesma quantidade de força, apertando sem apertar, com medo de soltar, com medo de segurar.
Toco seus pulsos, levo-os aos lábios.
Sou eu, sou seu.
Ouça. Ouça. Ouça.
Toco meu corpo, seu corpo, meu corpo e o seu se confundem distantes, como se confundiam quando próximos.
Toco meus braços e sinto os seus, a lisura, a penugem indo se esconder sei lá onde, suas costas lisas, a raiz dos cabelos.
E imagino que você esteja tocando seu corpo, mas sou eu. Mas sou seu. Me ouça.
Meu nariz jorra sangue, não tenho forças, Mas você tem que entender.
Que eu amo você, seu corpo com todas as cores possíveis, suas pernas brancas e braços negros, seu cabelo bagunçado de manhã, sua nudez na penumbra, seus pés, que eu só quero a sua boca e mais nada.
Ouça o que eu digo. Ouça.
Meu corpo todo treme, e eu perco a conexão, eu perco você, eu perco tudo, eu apago, eu me desconecto do mundo e eu não sou mais eu, eu não sou mais você, eu não sou nada.
A dor é imensa e eu me afogo nela, sem conseguir respirar, sem conseguir me mover.
- Eu te amo
Meu cérebro grita, num último esforço que, Deus sabe o quanto, eu queria que atravessasse todas as barreiras que existem entre nós, cada muro, cada mar, cada oceano no fim de cada caminho, pele e ossos. Eu só quero que o sinal chegue até você, quero que o som saia da sua boca e volte pra minha.
Eu só quero me ouvir dizer, finalmente, dizer da sua boca, dizer do teu querer
- Eu sei.
Pra poder me afogar.
Pra poder sangrar de novo.
(Só um experimento provocado por um debate insano com Holden e um John Doe. Não leve a sério (: )
Sobre pessoas que nunca dizem e pessoas que só entendem depois de muito tempo. Sobre velhos experimentos e novas paixões (:
Presa num quarto branco, cabelo em chamas, me concentro.
Sem mexer um músculo, mexo sua língua, num beijo que nunca vou dar.
- Eu te amo
Digo, e o som sai da sua boca, engrolado, ininteligível. Sai assim, do nada, te deixando confuso.
Minha cabeça explode, meu nariz sangra, mas eu preciso que você saiba.
Sua mão acaricia seu rosto de leve. Sou eu, sou eu.
Toco seus lábios usando seus polegares, seu queixo.
Sinto dor, tanta dor, mas eu preciso que você saiba.
Quero sua boca, tremo, com o esforço, e você treme junto.
Eu quero falar pela sua boca, saber te possuir sem te tocar. Dói.
Começo devagar.
Mexo meus dedos, seus dedos se movem.
Posso te imaginar olhando pra sua mão, como se um fantasma a estivesse movendo.
Devagar, aproximo a mão do meu rosto. Devagar, bem devagar, pra não te assustar. Devagarinho, tateio seu rosto, sentindo a textura única que ele tem, tão sua, tão minha.
Fecho seus olhos, meu gesto, o gesto do Nicolas Cage que resolvi roubar muito tempo atrás. Espero que você entenda.
Esse é o meu jeito de dizer.
Ouça. Ouça.
Ergo as mãos e as entrelaço, aperto sua mão na minha, esperando que você use a mesma quantidade de força, apertando sem apertar, com medo de soltar, com medo de segurar.
Toco seus pulsos, levo-os aos lábios.
Sou eu, sou seu.
Ouça. Ouça. Ouça.
Toco meu corpo, seu corpo, meu corpo e o seu se confundem distantes, como se confundiam quando próximos.
Toco meus braços e sinto os seus, a lisura, a penugem indo se esconder sei lá onde, suas costas lisas, a raiz dos cabelos.
E imagino que você esteja tocando seu corpo, mas sou eu. Mas sou seu. Me ouça.
Meu nariz jorra sangue, não tenho forças, Mas você tem que entender.
Que eu amo você, seu corpo com todas as cores possíveis, suas pernas brancas e braços negros, seu cabelo bagunçado de manhã, sua nudez na penumbra, seus pés, que eu só quero a sua boca e mais nada.
Ouça o que eu digo. Ouça.
Meu corpo todo treme, e eu perco a conexão, eu perco você, eu perco tudo, eu apago, eu me desconecto do mundo e eu não sou mais eu, eu não sou mais você, eu não sou nada.
A dor é imensa e eu me afogo nela, sem conseguir respirar, sem conseguir me mover.
- Eu te amo
Meu cérebro grita, num último esforço que, Deus sabe o quanto, eu queria que atravessasse todas as barreiras que existem entre nós, cada muro, cada mar, cada oceano no fim de cada caminho, pele e ossos. Eu só quero que o sinal chegue até você, quero que o som saia da sua boca e volte pra minha.
Eu só quero me ouvir dizer, finalmente, dizer da sua boca, dizer do teu querer
- Eu sei.
Pra poder me afogar.
Pra poder sangrar de novo.
(Só um experimento provocado por um debate insano com Holden e um John Doe. Não leve a sério (: )
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28x10 Conquer the world
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garota solteira procura,
Imagem: TingTing Huang
- Eu amo você.
Eu nunca te disse.
Você sabia, é claro, assim como sabia que eu nunca diria.
Era 2012, meus cabelos não eram tão longos, nem tão loucos.
Saíamos cedo, voltávamos tarde - você, principalmente.
Eu me sentava em casa depois do cursinho, trançava os cabelos e esperava que você voltasse. Intacto.
Sua boca tinha gosto de nada, como toda boca deve ser.
Você chegava em silêncio, vivia em silêncio, e nada nunca precisava ser dito.
Eu brincava de trançar seus cabelos, enquanto você fingia que dormia. Era meu jeito de dizer eu te amo. Era seu jeito de dizer eu também.
Eu nunca te disse.
E nem você.
Mas você segurou a barra quando eu tinha pesadelos toda noite. E me comprou chocolate quando eu não quis mais sair de casa.
Me trouxe livros que eu não quero devolver, que eu vou ler na ordem exata que você trouxe.
Você nunca disse que me amava, mas segurou minha mão quando eu não conseguia mais dormir por causa da dor nas costas.
Você nunca me disse, mas me abraçou no dia em que eu decidi que não queria mais ser quem eu era. E veio comigo, pra dizer que eu podia ser quem quisesse, que eu podia até ser médica.
Você nunca me disse, mas eu soube, porque seus cabelos nunca cresceram de novo.
Eu nunca disse, mas te fiz chá quando você voltou com frio de sei lá onde.
Eu tinha sempre um band-aid na cabeceira da cama, pra quando você voltasse.
Eu nunca disse que te amava, mas lia pra você em inglês, com uma pronúncia terrível. Eu nunca disse, mas quando você disse que ia embora, meu coração se partiu em dois, e foi por isso que eu só disse "ok".
Não dizia, mas não conseguia ir pra aula porque tinha que te ver antes. Nunca cheguei no primeiro horário.
Eu nunca disse, mas deixei que você fizesse as palavras cruzadas quando você ficou doente.
Eu nunca te disse, mas nunca falei de você direito pra ninguém, nunca disse uma palavra contra você.
Eu nunca disse, mas deixei que você fosse embora, mesmo querendo que você ficasse.
Eu não estava pronta pra ficar sozinha. Mas você estava.
Eu nunca disse,
mas eu disse.
E ouvi, incontáveis vezes, nas suas mãos, na sua boca, nos seus olhos, nos seus cabelos, nos incontáveis copos de água, no gesto de apagar as luzes, nas caminhadas até o mercado pra comprar sorvete, no gosto de chocolate branco misturado com chocolate preto, de batatas fritas e chocolate.
Eu ouvi, Otto. E ainda ouço.
Espero que você ouça também.
O amor é isso tudo.
Obrigada. :)
- Eu amo você.
Eu nunca te disse.
Você sabia, é claro, assim como sabia que eu nunca diria.
Era 2012, meus cabelos não eram tão longos, nem tão loucos.
Saíamos cedo, voltávamos tarde - você, principalmente.
Eu me sentava em casa depois do cursinho, trançava os cabelos e esperava que você voltasse. Intacto.
Sua boca tinha gosto de nada, como toda boca deve ser.
Você chegava em silêncio, vivia em silêncio, e nada nunca precisava ser dito.
Eu brincava de trançar seus cabelos, enquanto você fingia que dormia. Era meu jeito de dizer eu te amo. Era seu jeito de dizer eu também.
Eu nunca te disse.
E nem você.
Mas você segurou a barra quando eu tinha pesadelos toda noite. E me comprou chocolate quando eu não quis mais sair de casa.
Me trouxe livros que eu não quero devolver, que eu vou ler na ordem exata que você trouxe.
Você nunca disse que me amava, mas segurou minha mão quando eu não conseguia mais dormir por causa da dor nas costas.
Você nunca me disse, mas me abraçou no dia em que eu decidi que não queria mais ser quem eu era. E veio comigo, pra dizer que eu podia ser quem quisesse, que eu podia até ser médica.
Você nunca me disse, mas eu soube, porque seus cabelos nunca cresceram de novo.
Eu nunca disse, mas te fiz chá quando você voltou com frio de sei lá onde.
Eu tinha sempre um band-aid na cabeceira da cama, pra quando você voltasse.
Eu nunca disse que te amava, mas lia pra você em inglês, com uma pronúncia terrível. Eu nunca disse, mas quando você disse que ia embora, meu coração se partiu em dois, e foi por isso que eu só disse "ok".
Não dizia, mas não conseguia ir pra aula porque tinha que te ver antes. Nunca cheguei no primeiro horário.
Eu nunca disse, mas deixei que você fizesse as palavras cruzadas quando você ficou doente.
Eu nunca te disse, mas nunca falei de você direito pra ninguém, nunca disse uma palavra contra você.
Eu nunca disse, mas deixei que você fosse embora, mesmo querendo que você ficasse.
Eu não estava pronta pra ficar sozinha. Mas você estava.
Eu nunca disse,
mas eu disse.
E ouvi, incontáveis vezes, nas suas mãos, na sua boca, nos seus olhos, nos seus cabelos, nos incontáveis copos de água, no gesto de apagar as luzes, nas caminhadas até o mercado pra comprar sorvete, no gosto de chocolate branco misturado com chocolate preto, de batatas fritas e chocolate.
Eu ouvi, Otto. E ainda ouço.
Espero que você ouça também.
O amor é isso tudo.
Obrigada. :)
28x09 Ceremonials, a prelude
Postado por
garota solteira procura,
Imagem: TingTing Huang
Caro Otto,
Pisca-pisca na janela.
Nem sei que horas são, acabei de acordar, o cabelo mais bagunçado do que nunca, um emaranhado de tudo o que eu mais amo, cheirando a sono e condicionador.
To sozinha.
Mas não tô.
Meu melhor amigo dorme na sala, minha irmã no quarto.
Acordei com o coração batendo forte, os ouvidos zumbindo. Tive uma daquelas crises de coragem.
Andei assustada, tive medo de tanta coisa, Otto.
Nunca de ficar só, mas tive medo de não ser boa o suficiente.
Mas eu sou. Só estou confusa.
Eu sou incrível, como você bem sabe haha.
Capaz de ter as conversas mais bizarras, de ser a melhor amiga do mundo, de cozinhar bem - mas nem tanto -, de assistir milhões de seriados, de ler livros chatos :x, de criar padrões e seguí-los religiosamente.
Eu beijo bem (: Disso você sabe-não sabe. Mas é, ouvi dizer.
Sirvo pra namorar, disse o King, e eu cuspi na cara dele. Não quero servir pra namorar, ô moço, bela bosta. Quero servir pra ficar junto e pra gostar de ficar junto.
Quero servir pro que eu quiser servir.
Pra beijar, pode ser.
E beijei.
Quero servir pra acordar junto, pra conversas intermináveis, infinitas, que nunca perdem a graça. Quero servir pra fazer falta, pr'aquela hora da noite em que você pensa que estudar nem vale mais a pena, que me ver seria mil vezes melhor :)
Quero servir pra declarações de "gostar", pra vir a qualquer hora pra me ver. Quero servir pra "Vem comigo agora?" e pra ouvir "Vou". Quero servir pra me vestir como eu quiser. Pra dançar do jeito como eu quiser, de um jeito que me faça rir, pra dançar pra mim.
Quero servir nas minhas roupas de festa e sair pra ficar bêbada e dar risada.
Quero servir pra xingar pessoas pras minhas amigas. Quero servir pra agradecer quando elas concordarem.
Quero servir pra ouvir música nova e pra ouvir o que eu quiser, pra ir pra onde eu quiser, quando e com quem eu quiser.
Quero servir pra beijar na boca de quem eu quiser, bêbada ou sóbria.
Quero servir pra ouvir que meu beijo é incrível, pra ouvir pedidos de casamento de bêbados.
Ah, Otto, eu quero servir pra ficar confusa, pra não saber de quem gosto.
Quero servir pra ser engraçada, pra fazer com que todo mundo que me conhece dê risada comigo.
Quero servir pra escrever cartas longas, histórias longas, pra fazer bagunça no meu quarto, pra beijar rapazes ao som dos Strokes, pra ficar chateada com eles ao som dos Fratellis.
Quero servir pra deixar quem gosta de mim chateado quando eu for embora.
Ou pra não saber se vou ser beijada ou não.
Tantas coisas, Otto.
Quero servir pra ser médica, pra ser adulta.
Já sirvo, na verdade, pra muitas dessas coisas, a maioria delas.
Mas eu ainda quero tanto da vida.
Quero servir pra te encontrar e te abraçar, dizer que você foi o melhor amor que já tive. Te agradecer por ter ficado e por ter partido. Quero servir pra te sussurrar o quanto você foi e é importante pra mim, tocar nos seus cabelos cor de sol, na sua barba, sem medo, sem paixão, só amor puro.
Eu sou agora, mais do que nunca, quem você queria que eu fosse.
Sinto sua falta.
Queria que você estivesse aqui pra ver isso. Meu cabelo bagunçado, meu corpo completamente fora de controle, meus pensamentos indizíveis saindo por aí sem que eu me importe.
Eu estive com medo.
Mas passou.
Eu tenho tudo de que preciso.
Come and see.
Com amor,
B.
Caro Otto,
Pisca-pisca na janela.
Nem sei que horas são, acabei de acordar, o cabelo mais bagunçado do que nunca, um emaranhado de tudo o que eu mais amo, cheirando a sono e condicionador.
To sozinha.
Mas não tô.
Meu melhor amigo dorme na sala, minha irmã no quarto.
Acordei com o coração batendo forte, os ouvidos zumbindo. Tive uma daquelas crises de coragem.
Andei assustada, tive medo de tanta coisa, Otto.
Nunca de ficar só, mas tive medo de não ser boa o suficiente.
Mas eu sou. Só estou confusa.
Eu sou incrível, como você bem sabe haha.
Capaz de ter as conversas mais bizarras, de ser a melhor amiga do mundo, de cozinhar bem - mas nem tanto -, de assistir milhões de seriados, de ler livros chatos :x, de criar padrões e seguí-los religiosamente.
Eu beijo bem (: Disso você sabe-não sabe. Mas é, ouvi dizer.
Sirvo pra namorar, disse o King, e eu cuspi na cara dele. Não quero servir pra namorar, ô moço, bela bosta. Quero servir pra ficar junto e pra gostar de ficar junto.
Quero servir pro que eu quiser servir.
Pra beijar, pode ser.
E beijei.
Quero servir pra acordar junto, pra conversas intermináveis, infinitas, que nunca perdem a graça. Quero servir pra fazer falta, pr'aquela hora da noite em que você pensa que estudar nem vale mais a pena, que me ver seria mil vezes melhor :)
Quero servir pra declarações de "gostar", pra vir a qualquer hora pra me ver. Quero servir pra "Vem comigo agora?" e pra ouvir "Vou". Quero servir pra me vestir como eu quiser. Pra dançar do jeito como eu quiser, de um jeito que me faça rir, pra dançar pra mim.
Quero servir nas minhas roupas de festa e sair pra ficar bêbada e dar risada.
Quero servir pra xingar pessoas pras minhas amigas. Quero servir pra agradecer quando elas concordarem.
Quero servir pra ouvir música nova e pra ouvir o que eu quiser, pra ir pra onde eu quiser, quando e com quem eu quiser.
Quero servir pra beijar na boca de quem eu quiser, bêbada ou sóbria.
Quero servir pra ouvir que meu beijo é incrível, pra ouvir pedidos de casamento de bêbados.
Ah, Otto, eu quero servir pra ficar confusa, pra não saber de quem gosto.
Quero servir pra ser engraçada, pra fazer com que todo mundo que me conhece dê risada comigo.
Quero servir pra escrever cartas longas, histórias longas, pra fazer bagunça no meu quarto, pra beijar rapazes ao som dos Strokes, pra ficar chateada com eles ao som dos Fratellis.
Quero servir pra deixar quem gosta de mim chateado quando eu for embora.
Ou pra não saber se vou ser beijada ou não.
Tantas coisas, Otto.
Quero servir pra ser médica, pra ser adulta.
Já sirvo, na verdade, pra muitas dessas coisas, a maioria delas.
Mas eu ainda quero tanto da vida.
Quero servir pra te encontrar e te abraçar, dizer que você foi o melhor amor que já tive. Te agradecer por ter ficado e por ter partido. Quero servir pra te sussurrar o quanto você foi e é importante pra mim, tocar nos seus cabelos cor de sol, na sua barba, sem medo, sem paixão, só amor puro.
Eu sou agora, mais do que nunca, quem você queria que eu fosse.
Sinto sua falta.
Queria que você estivesse aqui pra ver isso. Meu cabelo bagunçado, meu corpo completamente fora de controle, meus pensamentos indizíveis saindo por aí sem que eu me importe.
Eu estive com medo.
Mas passou.
Eu tenho tudo de que preciso.
Come and see.
Com amor,
B.
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