Imagem: TingTing Huang
Sobre pessoas que nunca dizem e pessoas que só entendem depois de muito tempo. Sobre velhos experimentos e novas paixões (:
Presa num quarto branco, cabelo em chamas, me concentro.
Sem mexer um músculo, mexo sua língua, num beijo que nunca vou dar.
- Eu te amo
Digo, e o som sai da sua boca, engrolado, ininteligível. Sai assim, do nada, te deixando confuso.
Minha cabeça explode, meu nariz sangra, mas eu preciso que você saiba.
Sua mão acaricia seu rosto de leve. Sou eu, sou eu.
Toco seus lábios usando seus polegares, seu queixo.
Sinto dor, tanta dor, mas eu preciso que você saiba.
Quero sua boca, tremo, com o esforço, e você treme junto.
Eu quero falar pela sua boca, saber te possuir sem te tocar. Dói.
Começo devagar.
Mexo meus dedos, seus dedos se movem.
Posso te imaginar olhando pra sua mão, como se um fantasma a estivesse movendo.
Devagar, aproximo a mão do meu rosto. Devagar, bem devagar, pra não te assustar. Devagarinho, tateio seu rosto, sentindo a textura única que ele tem, tão sua, tão minha.
Fecho seus olhos, meu gesto, o gesto do Nicolas Cage que resolvi roubar muito tempo atrás. Espero que você entenda.
Esse é o meu jeito de dizer.
Ouça. Ouça.
Ergo as mãos e as entrelaço, aperto sua mão na minha, esperando que você use a mesma quantidade de força, apertando sem apertar, com medo de soltar, com medo de segurar.
Toco seus pulsos, levo-os aos lábios.
Sou eu, sou seu.
Ouça. Ouça. Ouça.
Toco meu corpo, seu corpo, meu corpo e o seu se confundem distantes, como se confundiam quando próximos.
Toco meus braços e sinto os seus, a lisura, a penugem indo se esconder sei lá onde, suas costas lisas, a raiz dos cabelos.
E imagino que você esteja tocando seu corpo, mas sou eu. Mas sou seu. Me ouça.
Meu nariz jorra sangue, não tenho forças, Mas você tem que entender.
Que eu amo você, seu corpo com todas as cores possíveis, suas pernas brancas e braços negros, seu cabelo bagunçado de manhã, sua nudez na penumbra, seus pés, que eu só quero a sua boca e mais nada.
Ouça o que eu digo. Ouça.
Meu corpo todo treme, e eu perco a conexão, eu perco você, eu perco tudo, eu apago, eu me desconecto do mundo e eu não sou mais eu, eu não sou mais você, eu não sou nada.
A dor é imensa e eu me afogo nela, sem conseguir respirar, sem conseguir me mover.
- Eu te amo
Meu cérebro grita, num último esforço que, Deus sabe o quanto, eu queria que atravessasse todas as barreiras que existem entre nós, cada muro, cada mar, cada oceano no fim de cada caminho, pele e ossos. Eu só quero que o sinal chegue até você, quero que o som saia da sua boca e volte pra minha.
Eu só quero me ouvir dizer, finalmente, dizer da sua boca, dizer do teu querer
- Eu sei.
Pra poder me afogar.
Pra poder sangrar de novo.
(Só um experimento provocado por um debate insano com Holden e um John Doe. Não leve a sério (: )
28x11 Simon Said
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