Imagem: TingTing Huang
Eu me apaixonei, pela primeira vez, aos 7 anos.
Eu olhei nos olhos dele, apertados, e pr'aqueles chinelos do Senninha haha.
Eu sobrevivi à dor da primeira carta de amor que escrevi ser descoberta e reprimida, à dor das palavras que nunca chegam ao destinatário.
E aí ele apareceu. Mas ele não cabe aqui, porque esse eu não pretendo superar. Pro bem ou pro mal.
Me apaixonei aos 9 e gastei minha primeira mesada comprando pra ele um jogo de futebol de botão.
Me apaixonei aos 11. E sobrevivi à terrível tarefa de ser a melhor amiga, garota de recados. De saber sobre cada beijo, cada sentimento. E de chorar sozinha em casa, sem ter um melhor amigo equivalente.
Aos 15, minha primeira declaração de amor oficial foi rejeitada com silêncio puro e simples. "Ele não queria te constranger". Obrigada, obrigada mil vezes! Minhas sextas-feiras não seriam as mesmas sem você. Eu te amo, mil vezes mais.
16, logo após meu primeiro beijo, eu soube que estava pronta pra você, eu soube na primeira vez que nos abraçamos, desde o primeiro sorvete na praça de alimentação, soube quando te vi no museu, sentado, me esperando. Eu soube, pelas nossas conversas malucas que eu pretendo revisitar um dia, soube pelo quanto seus cabelos eram escuros e bagunçados, soube desde o nosso primeiro beijo, soube desde a nossa primeira briga, ou quando menti pra te encontrar, ou quando você me levou embora pela mão: soube que te amava. E soube que você era um babaca. Mesmo assim, obrigada.
17-18. Uau. Tô tentando escrever sobre você. E não sai nada. Não quero te resumir em um parágrafo. Eu estava em pedaços. Juntando meus pedaços, tudo o que McCandless tinha deixado, me recuperando desse mesmo limbo de agora. Sobrevivendo. E você estava, sei lá, vivendo sua vida, parado na rua, à espera. Consigo imaginar o momento em que eu descobri que te amava ao som de Moon River, que loucura. Eu te amei de uma maneira tão verdadeira e tão estúpida. Tão estúpida e doentia. Obrigada por ficar. Obrigada por tudo.
21. Ei. Cedo demais, talvez, pra dizer que cheguei segura. Mas acho que cheguei ou estou quase lá. Enfim. 21, e eu não consegui sobreviver à mim mesma, mas tenho boas lembranças, mais uma playlist pra evitar por um tempo. Acho que sobrevivi à fase de auto-recriminação, de me sentir menor ou incapaz de muitas coisas. Infelizmente, acabei buscando por aí a resposta pra muitas dúvidas, e magoei ou estou prestes a magoar algumas pessoas. Mas sobrevivi.
22. Cat Power na playlist, devaneios enquanto lavo louça e antes de dormir, conversas de madrugada, as pessoas sabem seu nome porque não falo de outra coisa. Comprei um vestido novo. Limpo, sem história pra contar.
Ainda não quero me magoar.
Mas, uma pequena pequeniníssima parte de mim acredita que tudo bem,
Eu vou sobreviver.
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