Imagem: neil alejandro
Há um contador regressivo dentro da minha cabeça. "Apocalipse", geme a tríade, gemem as lembranças, os pais, os padres. E Deus? Deus é mudo, que seja mudo, - se não é mudo, é que não tem nada a dizer.
Me sento na ponta da cama, há um abismo sob o tapete "vamos morrer".
Escrevo a Otto, escrevo furiosamente (os pensamentos voando), até que a ouço.
Eu pensei que nunca mais ouviria essa voz. É a voz de Ulrika por baixo do véu dessa mulher, me chamando. A voz é de Ulrika, mas os olhos, essas mãos: Kadife.
Apalpo meus bolsos e encontro as cartas: são as cartas que ela quer. Estendo as cartas e ela me puxa o braço: estamos cara a cara na beira do abismo. Ela abre minha mão, fazendo com que suas cartas de amor caiam no abismo e me faz tocar seu cabelo.
Sinto a cabeça dela pulsar, como se houvesse um coração lá dentro. Vou enfiando os dedos entre os fios, puxando pedaços de ossos e
E acordo, zonza, às 6:05 da manhã. Abro minha caixa de livros e puxo, lá do fundo, as 4 seringas e 4 ampolas que venho guardando desde que comecei a sonhar com Kadife.
O telefone toca, é minha mãe.
- Estou grávida.
Deus me perdoe, mas Seu senso de humor é péssimo. Tenho que me lembrar de comprar mais uma ampola.
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