33x03 Agnes Nutter ain't no prophetess

Imagem: TingTing Huang

É agosto, minha cabeça lateja, meus pés doem, mas corro.
Continuo correndo, sem parar.
No caminho, tento te puxar pela mão, te trazer pro meu lado, mas você se cansa, Pégaso, e te deixo pra trás, meu amado, meu adorado. Choro de medo, mas continuo.
Corro e corro, ultrapasso fatos e pessoas, obstáculos.
Estendo a mão pra um e outro, mas ninguém consegue me segurar, ninguém consegue me conter.
Sou fúria, vento e velocidade, meus sapatos queimam e derretem e se desintegram, pés em carne viva, mas eu não posso parar agora.
Eu preciso correr.
Eu preciso correr, eu preciso
encontrar você.

Tô correndo, correndo, correndo, correndo nas ruas cinzentas de agosto e te vejo
correndo do meu lado

Mas ainda é agosto, ainda é cedo demais pra dizer se a gente chega junto em setembro,
cai no chão e se abraça pra afastar a dor de correr até aqui,
pra comemorar que estamos salvos,
pra comemorar que nos salvamos.

Eu te olho, você olha e me sorri
como se realmente se importasse com minha existência
e eu quero muito
acreditar que você vai segurar minha mão caso eu resolva estendê-la.

Arrisco o movimento,
quase me desequilibro e caio,
repenso
e continuo correndo,
continuo correndo
correndo
correndo

Uma hora dessas, Martin,
prometo arriscar de novo.

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