Imagem: TingTing Huang
Eu amo você.
Esses caninos bonitos que me mordiscam a boca e o ombro, seu perfil sério enquanto você dirige tentando fazer com que a gente chegue vivo.
Eu amo esse jeito triste de ficar em silêncio e suas pequenas vitórias de todos os dias (sou muito mãe, é), o que acaba por tornar esse um relacionamento freudiano bizarro.
Amo suas memórias, suas histórias e os eventos secretos que se escondem na sua imaginação, as letras do seu nome, tantos R's, tantos S's, o seu corpo, seu cansaço bizarro e sua risada exagerada.
Amo a textura suave da pele do seu rosto, seu gosto e os pequenos momentos em que você se lembra de me beijar quando eu tô distraída. Eu amo o seu dia, suas paixões, seus antebraços, nossas primeiras conversas, os pequenos sacrifícios que a gente faz pra se ver (desculpe! obrigada!), a cor castanha dos seus olhos, o fato de você ser claramente transtornado, sua descrença no zodíaco e no destino, te acordar de manhã me jogando em cima de você,
Eu amo sua inteligência esperta e prática, passar a mão nesse seu cabelo macio, rádio e ulna, a forma como você come um sanduíche quando está nu.
Tem uma certa poesia nas suas cuecas terríveis e na sua condescendência irritante, nos seus conselhos adultos demais e no azul da parede do seu quarto.
Eu amo a vagareza com que você lava a louça e esse seu jeito de menino mimado que dá vontade de irritar, morder e xingar.
A cadência da sua respiração e os raros momentos em que você me chama de "mulher".
Gosto das tardes emboladas nas cobertas, da sua constante arrumação da minha cama, dos seus impulsos malucos e das suas blusas de frio. Do som da sua voz no escuro, das mensagens de boa noite.
Da textura da sua língua, do calor das suas mãos e do suor das suas pernas, eu gosto de finalmente segurar sua mão por cima da mesa, dos verbos que você usa no futuro, de ser importante.
Você apaga as luzes, é sua vez.
E eu não estou com medo de que você vá embora, mesmo assim, seguro a respiração por alguns segundos até você se deitar com a cabeça perto da minha.
- Eu amo você.
E o som dessas palavras dança no ar, sem que elas se percam, sem que o significado delas se dilua nos meus medos e inseguranças, porque você é real.
Você é real.
Eu toco o seu rosto, ponho a mão de forma que eu possa sentir seu coração bater e tudo bem
Tudo vai ficar bem.
- Eu sei.
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