Imagem: TingTing Huang
Tem algo acontecendo.
Sinto.
Ou, eu não sei, sentir é isso?
É um sentimento ou ideia, a textura de cinza, de pó que não é areia, uma ideia que parece grafite, suja os dedos, sem cheiro, sem gosto.
Borboleta encasulada, ela me diz.
E me faz pensar.
no bater de asas contra o casulo,
O ruído de asas, de inseto no ouvido, um som, uma sensação que é ideia ou medo (e o medo? não é também uma ideia?)
Respiro fundo, tem algo aqui.
O gosto de um dia em que eu saí cedo da casa da minha avó,
cotovelos molhados com a água gelada da chuva,
a cor forte do seu perfume às 6 da manhã.
Eu sinto ou penso ou sinto o tempo expandir aos poucos.
Tem um vento sujo movimentando as folhas do jardim.
Tem algo acontecendo.
Nesse universo ou em algum outro, dentro ou fora de mim, bom ou mau, ou
nada.
Bebo um café quente e minha língua queima um pouco na ponta.
Do nada, chove.
Sem relação, ou então, talvez, eu tenha agora poderes mágicos premonitórios.
Dou risada da ideia, mas o barulho de chuva me dá arrepios.
Ou o doce do café,
a lembrança da sensação incômoda na língua, me distraio, e apago da mente a lembrança do limiar cruzado.
Como se ela nunca tivesse existido.
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