Imagem: TingTing Huang
Por que não?
E se?
Ele se senta na cadeira oposta e me pergunta o significado do universo.
Quem somos?
Pra onde vamos?
Seguimos, e é tudo.
Fomos feitos para ser felizes?
Bombardeia meus sonhos com perguntas terríveis e cortinas escuras, quando eu sigo desesperadamente tentando fechar minhas persianas.
O que você quer? Ou, mais importante ainda, por que você quer?
Deliro, febril, ou talvez não.
Feito uma mariposa atraída pela chama de uma vela, acredito.
Ergo altares e monumentos, uma estátua de um homem enorme oculto nas sombras, a destruição personificada, Perpétuo desaparecido.
O homem quer a morte.
Ele diz que não, que quer estar vivo novamente.
Mesmo assim, diante dos meus olhos vítreos, mergulha a cabeça na água gelada, sem parar, engasga, afoga-se.
Eu quero que pare, mas, talvez, eu não queira.
Puxo meu próprio balde de água, cheio até o topo,
água lisa, espelho de narciso.
Eu considero.
Uma, duas, dez vezes.
Eu considero.
Ele urge que eu tente também, vamos, tente.
Por que?, eu questiono.
Por que você faz isso, se dói?
- É quem eu sou, ele diz, eu não consigo controlar.
E eu consigo.
Mas eu não quero.
Encaro o balde, o espelho, toco a superfície gelada. E sinto medo.
Intenso, paralisante.
Pânico, dispneia, taquicardia.
Nem reconheço meu próprio reflexo, despersonalizo, desrealizo.
Sufoco.
É quem eu sou,
é quem eu sou.
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