Imagem: TingTing Huang
Instável.
É assim que ele me chama, nos meus pesadelos, uma voz no escuro, dizendo que sou instável, que nunca vou sair deste quarto.
Mulher-loba, eu rosnava em um quarto dentro do Ragnarok, sempre junto, sempre só.
Eu existia, naquela época, à parte do espaço e do tempo que definiam o correr dos dias e o passo da história que nunca era minha.
Estava louca, mas eu era, e eu sou.
Ele dizia que estava no meu sangue, uma mistura de linhagens infrutíferas e soturnas, que me tornava propensa à melancolia e me dizia, e profetizava que meu destino era matar ou morrer.
Ou matar e morrer.
Ele tatuou as minhas costas e meu cérebro, alquimista mortífero que tentava, desesperadamente, transformar morte em ouro, enquanto eu cuspia, vomitava e escondia o seu precioso lítio.
(Eu não sou quem você pensa, mas eu sou quem você fez e eu serei quem você desejar)
E me dói e me alivia e me liberta saber que você estava certo.
Está no meu sangue: mulher-loba louca, boca suja de salica seca correndo sob as luas cheias e quartos crescentes, até passar.
E passa.
Sem antídoto, sem o seu veneno e sem o seu sangue.
Passa.
Mas você estava certo, no entanto:
está no meu sangue.
Não posso, portanto, deixar de me perguntar:
se você estava certo sobre isso, estava certo sobre tudo?
Meu destino é matar ou morrer?
Ou matar E morrer?
Se for, espero que nos encontremos de novo, em breve.
Sinto que vamos, Teleborian, e você?
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