Imagem: TingTing Huang
Tem um tipo de ódio que não consigo explicar, geracional, intenso, transformador, quente feito lava e frio feito a neve no topo das cordilheiras.
É um ódio específico, ora líquido, ora viscoso, que eu tenho que experimentar, digerir, entender, ressignificar, ocultar feito o vestígio de um crime que nenhuma de nós cometeu.
Sinto ódio, e não nego.
Nomeio e semeio, homem, o ódio que recebi de herança é meu, até que eu passe adiante.
Tenho ódio do que você fez e faz e fazem e fizeram e fará e farão.
Dos dedos e medos e da chuva fina que caía sobre o meu cabelo mestiço na noite em que você não me disse não (e nem sim). Eu quero o seu bem, mas hoje não. Hoje eu me dou o direito único e irrevogável de lhe querer mal.
E eu quero.
Hoje eu quero que você seja infeliz, solitário, arrependido.
Hoje eu quero que você pereça a medida em que eu floresço e escolho e sou escolhida.
Eu desejo que você hesite e faça a escolha errada, contrária. E eu desejo, também, ardentemente -
(você)
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