Imagem: TingTing Huang
"Você podia ter me escolhido", Eurídice disse.
Quero dizer, não sei. Talvez ela tenha dito.
Talvez não.
Caminho na sua frente e eu quero olhar, eu quero saber, eu quero ver se-
Não sei mais o que é real e o que não é.
Medito sobre flores novas nascidas do seu sangue, enquanto tento entender se sou ou não um oráculo, e se isso que vejo é dor.
Penso em mim, em você, em nós.
E penso muito, até demais, sobre caminhos.
Aqueles que seguimos e os que escolhemos seguir.
Você não me escolheu.
E você podia.
Você pode.
(?)
Mas aí, você teria que admitir que iria até o submundo pra me encontrar,
que trilharia todo o labirinto de volta pra mim,
e que derrotaria pretendentes e os mataria pra dormir ao meu lado.
Tantas histórias, prosa e poesia,
eu sou a porra de uma Argonauta, uma constelação.
Eu sou Vênus e Psiquê, e Atena, e Diana.
E eu quero, eu te daria de beber no centro da sua tortura, da sua tragédia pessoal, semear dentes de dragão, colher guerreiros e lutar por mulheres e terras e deuses ao seu lado.
Você só tinha que ter me escolhido.
mas eu não sou tão
bonita
magra
inteligente
bondosa
agradável
otimista
criativa
falante
desenrolada
branca
quanto você gostaria.
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