48x08 Terrores Noturnos

 

Imagem: TingTing Huang

Durante a aula, me vejo nua. 

Sempre atrasada, sempre correndo. Fujo de homens e sombras e serpentes, em círculos, presa, num labirinto em Atlântida, me afogo.

E, de novo, ressuscito, a caminho de uma aula para a qual me atraso, ou entro na sala errada, completamente nua. 

Feito Sísifo rolando a pedra, de novo e de novo, eu me afogo sem conseguir sair da água, sem nem ao menos entrar. E não me importo porque qualquer um desses pesadelos é melhor do que

Cassandra. 

Acordo, no meio da madrugada, apavorada. 
Sonhei que você morria. 
Mas sonhei,
ou previ?

Sou capaz de prever o futuro? 
Não era, mas isso era antes. Isso era ontem. 
Agora, talvez, eu seja. E se for? 
3h da manhã, escuridão total fora da janela. 

Mas posso ligar? Devo ligar? 
E dizer o quê?
E fazer o quê se a ligação não for atendida? 
Se não chega resposta?

Sinto um aperto no peito, não consigo dormir, caminho pelo labirinto, desesperada, em busca de respostas, fazendo preces até

Pouco antes do amanhecer, insone, me deparo com uma linha de lã vermelha, cor de sangue viva, cintilhante, que brilha mesmo no escuro. 
Sigo a linha, sem medo e ela me leva por corredores estreitos, claros, e escuros também, chão de grama e pedra. Eu a sigo pra fora da minha mente e saio já de manhã, só pra te encontrar, vivinha da silva, sã e salva. 


Fev/2024

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