Imagem: TingTing Huang
Estevão tem o dobro do meu tamanho, eu penso. Poderia esmagar minha cabeça com as mãos, eu sei, sem muito esforço.
Mesmo assim, caminhamos, até o sol nascer, perdidos, sem saber onde termina a rua imensa.
Silêncio e ruído coexistem, eu caminho rápido - porque tenho medo - e ele também - porque está feliz.
Estevão me conta, em segredo, na língua dos gigantes, que vai ficar bom.
Não acredito, e retruco, na língua dos robôs, que tal coisa é altamente improvável - estatisticamente falando.
Esquina a esquina, quadro a quadro, ele me conta os segredos dos homens e mulheres, e dos pigmeus e dos fantasmas ao redor da mesa.
Conta sobre a grande tenda, os mistérios da penumbra e da Terra de Gigantes, sobre crescer numa família de pigmeus.
Eu não digo nada, só penso e penso.
E ele, corajoso, gigantesco, me faz sombra pra que eu possa pensar, planeja aventura e grandes buscas, e eu juro que penso em ser assim também.
0 comentários:
Postar um comentário